Itamaraty informou que suspeito não possui imunidade diplomática.
Embaixada disse que pessoa estava em reunião e não poderia atender.
O delegado Winslei Salomão, que investiga as denúncias de que uma mulher teria sido estuprada na residência oficial do embaixador da Nigéria, em Brasília, afirmou ter notificado a embaixada do país africano para que apresente o suspeito do crime ainda nesta terça-feira (17) para prestar depoimento. O Itamaraty também foi notificado sobre o caso, disse Salomão.
Procurada pelo G1, a embaixada da Nigéria informou que a pessoa que poderia falar sobre o assunto estava em reunião.
O Ministério das Relações Exteriores confirmou o recebimento da documentação e informou que o suspeito não possui imunidade diplomática. Com isso, ele pode ser julgado de acordo com a lei brasileira e a investigação conduzida pela Polícia Civil. Caso seja confirmado o crime e o funcionário condenado, ele pode pegar uma pena que varia de três meses a um ano de prisão.
No último sábado (14), uma funcionária da embaixada afirmou ter sido estuprada por um homem nos dias 11 e 24 de junho e procurou a polícia após ter sido agredida por ele. Segundo a polícia, na época ele foi autuado por lesão corporal.
A mulher diz que foi obrigada a fazer sexo com o funcionário e que o embaixador nigeriano a expulsou da residência oficial ao saber do caso. O laudo sobre o suposto estupro deve ficar pronto até esta quarta-feira, segundo o delegado.
"O problema é que o caso, segundo a mulher, ocorreu em junho e fica muito difícil para o IML colher amostras genéticas para identificação de DNA. Provavelmente, outros métodos precisarão ser usados para apontar se houve o estupro, por causa da demora para registrar o caso", disse.
Na semana passada, após relatar o caso a um colega, a mulher diz que foi chamada para conversar com o embaixador Vincent Okoedion, que teria a expulsado da residência. "Ao saber o que tinha acontecido, o suspeito do estupro a agrediu”, declarou Salomão.
"Ela chegou aqui com o rosto ferido, e a agressão física já foi comprovada. Nós a encaminhamos para perícia no IML para verificar a ocorrência do estupro, mas o laudo ainda não ficou pronto. Só que esse laudo pode não ter elementos que comprovem a violência sexual por conta do tempo", afirmou Salomão.
Na noite de sábado, a polícia informou ter ido à residência oficial nigeriana, mas foi impedida de entrar por um funcionário que afirmou que o embaixador não iria se pronunciar sobre o caso porque estava em "repouso noturno".
Ataque
Em depoimento, a nigeriana afirmou que mora no Brasil há dois anos e que, em razão de dificuldades financeiras, foi convidada a morar na residência oficial pela esposa do embaixador Okoedion no início deste ano.
Ela afirmou ainda que não tinha vínculo empregatício oficial, mas que ajudava na cozinha e na limpeza da residência da delegação nigeriana.
A mulher relatou que o suposto agressor a assediava há quatro meses e que, no mês passado, teria forçado duas relações sexuais. Também em depoimento, ela disse que o suspeito mora com a esposa e o filho dentro da residência oficial.
A vítima tem uma filha e afirmou não ter emprego fixo. Além do trabalho na residência oficial, ela informou que dá aulas de inglês voluntariamente em uma igreja de nigerianos.
Fonte: G1