Estamos acompanhando nessas últimas semanas o lamentável caso que coloca no centro do furacão chamado CPMI do Cachoeira/“Veja”, uma proeminente autoridade da mais respeitada instituição da República: o Doutor Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Foi fartamente noticiado pela “mídia nativa”, após publicação da revista “Veja”, à declaração do Ministro Gilmar Mendes, sobre uma suposta conversa sua com o ex-presidente Lula. Segundo o Ministro, esse diálogo que teve como única testemunha o ex-ministro Nelson Jobim – serrista declarado - Lula teria feito a seguinte chantagem: “você [Gilmar Mendes] adia o julgamento do mensalão no Supremo e eu te blindo na CPI”. Continuando seus despautérios o Ministro afirma ainda, que Lula e outros gângsteres querem melar o julgamento do mensalão e dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção.
A despeito da gravidade dessa denúncia, vale destacar inicialmente, a divulgação de tal acusação. O primeiro veículo de comunicação a noticiar o caso foi exatamente à revista “Veja”: o semanário que, sabidamente, era pautada por “Carlinhos Cachoeira” e que se tornou o diário oficial da oposição e palanque para certos togados, em especial do Ministro Gilmar Mendes. Outra particularidade dessa matéria, não obstante ser uma prática dessa revista foi o fato do jornalista não ouvir outros envolvidos no caso, como o Presidente Lula e a única testemunha que presenciou a conversa, o ex-ministro Nelson Jobim, que, aliás, por várias oportunidades e, de maneira insofismável, desmentiu Gilmar Mendes, desmontando sua armadilha.
Fica evidente que foi o Ministro que plantou essa denúncia no solo fértil da “Veja”, isso faz parte de sua conturbada biografia. Até a sua escolha para o STF foi controvertida. Se consultarmos os arquivos do Senado, veremos que o Ministro teve a mais elevada rejeição em votações para STF naquela “Casa”, e o seu nome só foi aprovado graças ao rolo compressor do governo FHC.
Não há dúvida também, de que tudo isso não passa de uma estratégia para desviar o foco da CPMI, pois, parece que há indícios de que a ligação do Ministro Gilmar Mendes com Senador Demóstenes vai muito além de uma simples amizade. E essa talvez seja uma das razões que levou o Ministro a levantar essa abjeta e controvertida calunia contra o Presidente Lula. Afinal, por que o Ministro não denunciou o Lula logo depois da conversa? Por que não comunicou o fato aos seus pares, mas apenas a revista “Veja”? Por que esperou um mês para demonstrar sua indignação e ira? Realmente assiste razão o sempre preciso Mauro Santayana: “...A nação deve ignorar o esperneio do Sr. Gilmar Mendes. Ele busca a confusão, talvez com o propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPMI. O Congresso não se deve intimidar pela arrogância do Ministro..”
Aliás, sobre Gilmar Mendes, vale relembrar as sábias palavras do festejado Dalmo Dallari, que em artigo publicado no dia 08.05.2002, afirmou, ou melhor, profetizou: ”...Se essa indicação [para o STF] de Gilmar Mendes vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção (grifo nosso) e a própria normalidade constitucional”.
Frente a toda essa baixaria, só nos resta afirmar: o Mestre Dallari, além de um brilhante jurista é também um grande Profeta!
Por Odilon de Mattos Filho, de Andrelândia/MG
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