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27/09/2012 15h14

Opinião Janelas do Tempo - Ginásio São Lourenço (II - final)

Janelas do Tempo - Ginásio São Lourenço (II - final)

Minha classe toda, nesta época, foi traída por um aluno que escrevera qualquer coisa no quadro que julgaram ser indecente. Todos sabiam o autor do crime, mas ninguém quis ser acusado de dedo-duro e o próprio criminoso também não foi capaz de se acusar. Então, todos ficaram de castigo presos na escola, até tarde. E até hoje o vejo por nossas ruas e me lembro do fato. Será que ele também?

Fizemos uma fila na diretoria para avisar nossos pais, por telefone, sobre o ocorrido. E, quando voltava para casa, cansado e sentindo o peso de mais uma injustiça das muitas que aconteciam com os alunos, ainda ganhei de presente uma bronca de meu pai, ao encontrá-lo na habitual caminhada noturna.

Uma vez, sentado na primeira fila de carteiras, veio, lá de trás, um chinelo parar em cima de minha carteira. Sendo jogado, desde o fundo da sala, de carteira em carteira. É óbvio que eu não queria aquilo em cima de mim. Muito menos iria jogar no professor de Canto, que era pouquíssimo respeitado. Imediatamente atirei-o no chão. Na justiça dele, eu e somente eu, deveria ser expulso da sala, como fui. E ainda levei um xingamento do ex-padre.

Outra vez estávamos no recreio e vaiávamos a um inspetor de alunos de nome Sebastião. Não sei a origem do caso. De repente, ele mirou em minha pessoa, certamente por ser um dos menores e mais inofensivos de todos. Pegando-me pelo pescoço, chutou-me até a sala da diretoria porque eu o desrespeitara.

−Ué, mas fui só eu, cadê os outros? − como indagaria Jô Soares...

Nas provas parciais de 1960, naquele mês de junho friorento, ao chegar o dia do maldito e chato Latim, estava desesperado. Não andava, como ninguém da classe, indo bem. Hypólito, o professor, era muito exigente. Suas provas eram muito difíceis. E aquela era parcial, tinha mais valor.

Costumava perguntar coisas que nunca tinha ensinado como se fôssemos obrigados a saber. Como devia entender muito a língua aprendida nos tempos de seminário, achava que nosso nível também deveria ser elevado.

Antes do início das provas, aproximou-se um colega que morava na Federal e, com o qual reatei contato anos atrás, já que mora fora e nunca mais o vira, com um determinado tema de Latim, dizendo:

−Filipe, olha isto aqui, estão dizendo que vai cair na prova.

−Mas como, Verimar? Ele nunca explicou nada disto e nem sei do que se trata.

−Copia na sua mão, na hora, se cair, você cola, é o que todo mundo está fazendo.

Assim foi feito.

Ao recebermos as provas com as questões, todos se entreolharam embasbacados. Ninguém entendia nem mesmo as perguntas, como poderiam saber as respostas?

Imediatamente, consultei os escritos na minha mão, que, aliás, parece que não tinham nada a ver com o que o injusto perguntara.

Neste momento, Hypólito aproximou-se de mim e arrancando-me a prova, rasgou-a, me deu um zero e mandou-me embora.

Em agosto daquele ano estava de volta ao internato em Varginha, a meu pedido.

O ensino era muito mais apertado do que no Ginásio, mas consegui tirar dez na matéria em todos os meses e até a prova final, passando, facilmente de ano.

Este foi o final de meus estudos em São Lourenço, tão efêmeros.

No entanto, penso que se provou, ao contrário do que meu pai dizia sempre que não era o mau aluno que sempre colocava a culpa no professor. Naquele caso, pelo menos, eu não era um mau aluno e o professor era realmente o culpado de tudo.

E o choque por ter que deixar minha cidade outra vez e para sempre, foi tão grande que cheguei a compor uma música, falando do tema...

(No dia em que lançaram a pedra fundamental do novo Ginásio e que é o atual Colégio Mário Junqueira Ferraz, fui testemunha ocular, pois levaram os alunos da antiga escola para assistirem à solenidade. O vigário Frei Luís Gonzaga estava presente e abençoou o local

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