Uma situação bastante comum nas empresas é ouvir os funcionários dizerem que as chefias não os elogiam e sequer reconhecem seus esforços, trabalho e competências, “desmotivando-os”. Por outro lado, ainda prevalece um conceito antigo de que as pessoas só produzem se pressionadas ou ameaçadas por algum tipo de punição. Eventualmente, alguma voz solitária lembra que as pessoas também se motivam quando lhes é ofertada alguma recompensa.
Esse comportamento, apesar de ainda atual e frequente, especialmente nas pequenas empresas, está desatualizado diante das teorias modernas da psicologia e da administração.
O fato é que ninguém motiva ninguém. A motivação para a vida, para o trabalho, para o estudo, para uma viagem, para casar ou mesmo para “encrencar” é uma variável interna, pessoal e intransferível. Logo, se a pessoa não está motivada para trabalhar ou mais, trabalhar naquele serviço ou empresa, não tem “santo que faça milagre”. Dentro de si estar ali é um revés e um desconforto só. É estar de corpo presente e alma ausente. Não tem programa “motivacional” que dê jeito nisso. Estica até que uma das partes encerre a relação, demitindo ou demitindo-se.
Por outro lado, a estimulação é de responsabilidade da empresa, da chefia ou do outro sujeito externo da relação. Então cabe a empresa ou gestor saber estimular, elogiar, agradecer ou lançar desafios ao funcionário. Aí o ciclo se fecha! A motivação interna encontra o estímulo externo e ocorre a satisfação profissional, a produtividade e um bom clima organizacional.
Pesquisas apontam que num rol de seis possibilidades, os executivos priorizam os quatro primeiros como os mais relevantes na sua escolha de uma proposta de trabalho: 1º ao 4º: Novos desafios, reconhecimento, possibilidade de ascensão profissional, bom ambiente de trabalho. 5º ao 6º: Plano de saúde e salário. Naturalmente, essas opções tem outras variáveis, mais são um norte interessante para se avaliar a correlação entre a motivação e o estímulo.
Quando se consegue uma equação adequada em que o funcionário está motivado e a empresa sabe estimulá-lo, pode-se dizer que é o melhor dos mundos organizacionais. Mas a recíproca é verdadeira. Pessoas desmotivadas aliadas a empresas que não estimulam ou estimulam negativamente, é um verdadeiro inferno para todos. O dia se arrasta, a produtividade cai, os acidentes aumentam, a rentabilidade despenca, as pessoas ficam infelizes e adoecem.
Essa lógica serve para a escola. Alunos motivados, professores competentes, conteúdos interessantes e escola com estrutura, rapidamente produz gerações educadas e preparadas para o futuro.
Se ampliarmos esse raciocínio para o cotidiano, percebemos o quanto as pessoas carecem de estímulos positivos, de serem reconhecidas nas pequenas coisas, nos detalhes da convivência familiar, relacional e social. A motivação para viver, para ser feliz, para ter amizades, para desfrutar de relações saudáveis e enxergar a vida como uma oportunidade única, deve partir do coração de cada um de nós. É pessoal e intransferível. Não tem como emprestar, comprar, doar ou ceder. Só tem como sentir e transbordar.
Mas a estimulação para “levantar o astral” do outro pode partir de cada um de nós. Um elogio, um “posso ajudar?”, um reconhecimento, um telefonema ao amigo distante, um parabéns, um colo de mãe, um agradecimento, um sorriso franco, um beijo na face, um bom dia especial, um café na cama, um bombom sobre mesa, uma mensagem com batom no espelho do banheiro, um presente, um abraço de amigo, uma surpresa, uma comida gostosa, um “ficar bonita(o)” para o outro, uma cócegas no pé, uma risada espontânea, uma massagem nas costas, uma brincadeira inteligente, um afago no rosto, um olhar de cumplicidade, uma segundo a mais de paciência para explicar novamente ao aprendiz, um minuto de atenção, um ceder o lugar na fila, um “eu gosto de você” ou quem sabe mesmo um “obrigado por estar lendo este artigo”, não é tão difícil assim...