20/03/2023 18h30
Paraguaios são resgatados em situação análoga à escravidão em Duque de Caxias
Dezenove cidadãos paraguaios que viviam em regime análogo ao de escravidão em uma fábrica clandestina de cigarros falsificados no municÃpio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foram libertados pela PolÃcia Federal nesta segunda-feira, 20, na Operação Libertatis. Os escravizados não recebiam salários, não sabia em qual cidade estavam e produziam cigarros falsificados que copiam uma marca paraguaia muito consumida no Brasil. Ninguém foi preso.
Segundo a PF, os paraguaios trabalhavam em jornada de 12 horas por dia e sem descanso semanal. Além de não receber nenhuma remuneração pelo trabalho, trabalhavam sem equipamentos de proteção e não podiam sair da área da fábrica, onde estavam presos. O lugar não tinha mÃnimas condições de higiene. Lá, os trabalhadores conviviam com animais, em meio a esgoto a céu aberto e resÃduos da produção dos cigarros.
Os trabalhadores resgatados contaram à PF que foram trazidos do Paraguai com a promessa de trabalhar na produção de roupas. Mas viajaram com os olhos vendados e foram encaminhados para as instalações da fábrica, onde foram trancafiados. Eles contaram que mantinham contato com apenas uma pessoa, que ia periodicamente ao local para levar comida. Ela estava sempre armada e com uma máscara que ocultava seu rosto.
A operação teve o apoio do Ministério Público do Trabalho e da Receita Federal e foi realizada para cumprir quatro mandados de busca e apreensão expedidos pela 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, em bairros variados de Duque de Caxias. A investigação da PF tenta reprimir a atividade de uma organização criminosa especializada nos crimes de tráfico de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, fraude no comércio, sonegação por falta de fornecimento de nota fiscal e delito contra as relações de consumo.
A fábrica localizada em Duque de Caxias estava em pleno funcionamento e tinha grande capacidade de produção. Seus cigarros eram distribuÃdos em todo o Estado do Rio de Janeiro.
A PF ainda não localizou os responsáveis pela fábrica e pela manutenção dos paraguaios em situação análoga à escravidão.
Fonte: Estadão Conteúdo