Em 5 de agosto de 1998, nascia o Parque Estadual da Serra do Papagaio, constituído pelo Decreto-lei nº 39.793.
Durante esses quinze anos muitas coisas aconteceram nessa área de aproximadamente 23 mil hectares e seu entorno que integra as cidades de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Pouso Alto e Itamonte em uma região de preservação, conservação e inigualável beleza cênica.
De acordo com Clarice Lantelme, a Gerente do PESP, a importância de comemorar esta data é poder fazer um balanço do que foi feito e do que falta fazer, das conquistas que tivemos e das propostas que foram construídas durante todo esse período e suas diversas gestões. O Parque hoje conta com muito mais apoio da população, as comunidades estão, cada dia mais, percebendo e compreendendo a importância da preservação e conservação ambiental para sua vida e a vida de seus filhos.
Ainda enfrentamos muitos problemas, tais como a finalização de processos de regularização fundiária por parte do IEF. Mesmo que uma parte do Parque já esteja legalizada, ainda temos um longo caminho para percorrer, buscando documentação para a montagem de pastas de cada uma das propriedades afetadas. Acredita-se que, apenas em Baependi, mais de 30% já esteja legalizado. Lantelme esta trabalhando para obter informações claras sobre esse processo, mas o trabalho não é fácil, como ela mesma define: “Temos que fazer um esforço de ir a cada uma das propriedades, encontrar o proprietário,plotar a área com GPS, solicitar a documentaçãoe montar uma pasta com todos os dados que serão repassados à GEREF – Gerencia de Regularização Fundiária da DIAP – Diretoria de Áreas Protegidas/IEF. Somente a partir desse trabalho conseguiremos ter um mapeamento claro da situação”.
Clarice fez uma palestra e, com ajuda de uma apresentação em telão, contou a história do PESP, passou pela sua criação e pela ação de redesenho de limites do Parque, que, assim que for aprovado ( O PL nº 3.687/13 já está tramitando na ALMG) consagrará uma nova relação com as comunidades. O Projeto de redesenho, além de resolver os problemas de áreas afetadas nos cinco municípios (só Itamonte contava com mais de 150 propriedades, entre casas, benfeitorias, áreas de agricultura ou pastagem cultivada e empreendimentos, que ficarão fora do PESP, ou seja, áreas antropizadas), amplia a área do Parque em mais 3 mil hectares aproximadamente. É sempre bom lembrar que esse processo foi feito a partir de ampla consulta com os proprietários, o que possibilitou a ação conjunta do IEF/SEMAD com a população afetada na região. É a primeira vez, em Minas Gerais, e talvez no Brasil, que uma unidade de conservação é tratada dessa forma, basta lembrar o exemplo do Parque Nacional do Itatiaia, apesar dos seus 76 anos de existência, ainda não resolveu seus problemas de implantação.
Os presentes puderam entender um pouco mais sobre o trabalho de uma Gerente de UC, dos funcionários e dos processos legais que envolvem a gestão do PESP, na forma a gestão não se difere muito de outras UC’s, mas temos que lembrar que lidamos com uma área enorme, uma série de conflitos, tanto pela falta de legalização fundiária quanto pelo aspecto cultural e pelo direito de quem vive na região, e, principalmente, temos gerir tudo isso com um recurso que nem sempre é suficiente.
Clarice destacou a campanha “Parque não é pasto” e fez questão de apresentar seus bons resultados. Esta campanha é educativa e visa evitar que áreas do Parque sejam usadas para pastagem de gado e/ou outras “criações”. “É um sucesso, não tivemos gado no Parque e esse ano contabilizamos menos fogo ainda. A redução da incidência de fogo no Parque e seu entorno se deve há um conjunto de medidas que viemos implantando, o apoio da Fundação Matutu, parceira em importantes projetos como a implantação do CER-Serra do Papagaio e a criação das Bases Comunitárias de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, é um deles”.
Lantelme disse ainda da importância do Conselho Consultivo do Parque para sua gestão e apresentou o projeto de ações para organizar a visitação na UC. Esclareceu também que é preciso mudar o conceito de Parque aberto ou fechado, já que todos os Parques Estaduais, em tese, são abertos. A questão da visitação depende de uma série de ações para gerar a escalada evolutiva do Parque no rumo da visitação, neste sentido a UC tem que cumprir várias etapas para receber seus visitantes: os degraus, numerados de 0 a 4, são: parcialmente ordenado, sem ordenamento, com ordenamento, com ordenamento e registro, com ordenamento registro e cobrança. Todas as trilhas, acessos e áreas já estão definidas no projeto, agora será preciso viabilizar sua implantação, já que o PESP se encontra no segundo degrau da escada, ou seja, sem ordenamento.
O escritório administrativo do PESP, em Baependi, recebeu muitos amigos para cantarem o “parabéns para você” para o Parque, entre eles, o Diretor Executivo do CER-Serra do Papagaio, Marcos Tridon de Carvalho e a Secretária de Meio Ambiente da cidade de Itamonte, Catarina Romanelli, destaca-se ainda a presença de antigos moradores da região, proprietários de terras e brigadistas voluntários.