12/12/2014 09h25
Pesquisa revela que aves e crocodilos têm o mesmo ancestral
Com o sequenciamento dos genomas de 45 aves à disposição, os cientistas terão anos de trabalho pela frente, em busca de novas descobertas. As primeiras análises, entretanto, já trouxeram revelações. Em um dos artigos publicados na Science, Robert Meredith, da Universidade Estadual de Montclair (Estados Unidos), encontrou pistas sobre em que momento da evolução as aves perderam os dentes.
Ao comparar os genomas das espécies atuais de aves aos de vertebrados que tinham dentes, os cientistas identificaram mudanças-chave em genes ligados à produção de esmalte e dentina, principais componentes dos dentes. O estudo sugere que cinco genes relacionados à dentição foram "desligados" em um ancestral comum das aves em um curto perÃodo, há cerca de 116 milhões de anos.
Outro estudo, liderado por Ed Green, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), usou os dados dos sequenciamentos genômicos das aves para reconstruir parcialmente o genoma do arcossauro, ancestral comum a crocodilos, pássaros e dinossauros, que viveu há 240 milhões de anos.
Há ainda pesquisas, com participação brasileira, que tiveram foco no aprendizado vocal - uma habilidade rara no reino animal, compartilhada apenas por humanos, golfinhos, baleias e três grupos de pássaros.
Liderado por Claudio Mello, Maria Paulo Schneider, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Francisco Prosdocimi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o grupo descobriu que papagaios e aves canoras (capazes de cantar) estão mais próximos do que se pensava nas sequências genômicas. "Dos mais de 30 grupos de aves, somente três são capazes de aprender vocalizações: pássaros canoros, papagaios e beija-flores", disse Mello.
Em um artigo na revista Science, o grupo mapeou os genes dos três grupos relacionados ao aprendizado vocal e os comparou com os marcadores do cérebro humano que controlam a fala. "Muitos dos genes ligados ao canto do passarinho estão também nas áreas do cérebro humano responsável pela fala", explicou o cientista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo