03/12/2014 17h10
PF faz operação contra grupos de extermínio em SE e BA
A Superintendência da PolÃcia Federal desencadeou nesta quarta-feira, 03, nos municÃpios de Poço Verde, Simão Dias, Boquim, Lagarto e Aracaju, em Sergipe, e em CÃcero Dantas e Heliópolis, na Bahia, a Operação Poço Vermelho, para combater um suposto grupo de extermÃnio que atua nestas cidades e tinha a liderança do ex-presidiário José Augusto Aurelino Batista. Ele morreu em 15 de outubro deste ano, após receber voz de prisão da PolÃcia Civil, que alegou um suposto tiroteio.
Ao todo, 120 policiais federais trabalharam na operação cumprindo 24 mandados judiciais, entre os quais seis de prisões preventivas, três mandados de busca e apreensão e 15 de conduções coercitivas. No total, sete pessoas foram presas, entre elas um escrivão da PolÃcia Civil e dois integrantes da PolÃcia Militar, ambos de Sergipe. Também foram apreendidas 11 armas, entre pistolas, espingardas de calibre 12 (escopetas) e um revólver de calibre 38, além de duas armas de brinquedo, com caracterÃsticas semelhantes a uma arma de fogo verdadeira.
Nesta operação, foram presos o sargento LeonÃdio Rosa de Oliveira, que atua na 3ª Companhia do 4º Batalhão da PolÃcia Militar, no municÃpio de Simão Dias, e o soldado Adriano Batista Macedo, da 4ª Companhia do 7º Batalhão da PolÃcia Militar, no municÃpio de Poço Verde. Um destes policiais, embora membro da PolÃcia Militar de Sergipe, foi localizado no municÃpio de CÃcero Dantas, na Bahia.
O delegado federal, Milton Neves, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Contra a Pessoa, da Divisão de Direitos Humanos, disse que "em razão da ausência do Estado, a segurança privada e a milÃcia ganharam força para garantir uma falsa segurança na região". Ele explicou que esse suposto grupo é investigado desde maio passado, porque estaria envolvido em diversos homicÃdios, todos com caracterÃstica de execução.
A investigação começou em virtude de uma suposta lista com nomes de mais de 20 pessoas marcadas para morrer, sendo que nove já foram assassinadas. A maioria das mortes ocorreu em Poço Verde, no sertão sergipano, divisa dos Estados de Sergipe e Bahia, com as vÃtimas executadas com requintes de crueldade. O nome da operação, Poço Vermelho, é uma alusão a este municÃpio sergipano.
Milton Neves disse, também, que, com relação aos militares presos, "existem indÃcios de que os dois policiais militares estariam ligados a essa milÃcia, colaborando com o lÃder da quadrilha e na execução de alguns alvos". Mas que eles estavam presos por posse ilegal de arma sem ser a oficial de trabalho.
Assim que as prisões começaram a ser feitas no inÃcio da manhã desta quarta-feira, diversos advogados foram para a sede da PolÃcia Federal, em Aracaju, aguardar a chegada dos clientes e tomar as providências para liberá-los. O escrivão da PolÃcia Civil, Cris Ayslan, por exemplo, foi autuado por porte ilegal de arma - ele portava um revólver 38 não registrado -, foi ouvido e liberado.
O advogado Alexandre Porto, que defendeu o escrivão, disse que contra ele havia um mandado de condução coercitiva, mas quando chegaram à residência dele, em Aracaju, encontraram a arma. Já o advogado Getúlio Sobral, que representa a famÃlia do falecido José Augusto Aureliano Batista, disse que apenas acompanhava os trabalhos da PolÃcia Federal.
Fonte: Estadão Conteúdo