23/03/2023 08h20
Plano que prevê mais garagens perto do metrô chega à Câmara
A revisão do Plano Diretor enviada nesta semana à Câmara Municipal facilita a criação de mais vagas de garagem nos prédios do entorno de estações de metrô e corredores de ônibus de São Paulo. Para a Prefeitura, a ideia é desestimular a oferta de unidades de até 30 m². Mas especialistas temem o enfraquecimento de um dos objetivos mais importantes da lei: desestimular o uso de carros. A expectativa é de que o texto seja votado neste semestre.
O projeto revisto envolve os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, que abrangem a faixa de 150 metros de cada lado dos corredores de ônibus e o raio de 400 metros ao longo de estações de metrô e trem, cuja verticalização e aumento populacional são incentivados pela lei. De acordo com o texto enviado para o Legislativo, o ajuste para as vagas de garagem residenciais fica condicionado a unidades a partir de 30 metros quadrados. A lei atual permite que os empreendimentos nos eixos construam "gratuitamente" um número de garagens igual ou inferior ao total de apartamentos, sem que com isso seja considerado "área computável". Com a mudança, o incentivo abrangerá um apartamento a cada 70 m².
Para o professor de Urbanismo da USP e relator do atual Plano Diretor Nabil Bonduki, a alteração não é boa, pois traz mais carros para os eixos de transporte urbano. Ele explica que nos últimos anos se estabeleceu uma "inflação de garagens" com o boom de microapartamentos. "Antes, o esperado nesses locais era ter uma vaga a cada 70 metros quadrados de área computável, 80 metros quadrados, mas como o mercado foi por essa linha tivemos esse aumento enorme de vagas", diz. "São mais carros e ainda tem o problema de fazer áreas subterrâneas."
Ao Estadão, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou que o objetivo é desestimular a oferta de unidades de até 30 metros quadrados em áreas bem servidas de transporte público por entender que elas não atendem à s diretrizes de adensamento populacional nessas regiões. Em nota, afirma que a proposta estabelece pela primeira vez uma área mÃnima para que as unidades nos eixos tenham direito a vaga de garagem como área não computável. "É um avanço. Isso porque o plano em vigor não estabelece nenhum limite mÃnimo de área das unidades habitacionais para receberem esse benefÃcio, o que, diante de uma acomodação do mercado verificada nos últimos anos na cidade, acabou gerando um aumento expressivo de microapartamentos", afirma.
"É diretriz da atual gestão o desestÃmulo ao uso do carro, seguindo uma tendência mundial. Para fortalecer esse posicionamento, propõe nesta revisão a criação de um incentivo para empreendimentos habitacionais que não tenham vagas de garagem. Para esses casos, prevê um adicional de 10% de área construÃda não computável para o empreendimento", afirma a Prefeitura.
TRAMITAÇÃO
Ontem, a Comissão de PolÃtica Urbana da Câmara já começou a discutir um cronograma de análise. Relator do projeto na comissão, o vereador Rodrigo Goulart (PSD) sugeriu a realização de 22 audiências públicas, mas a definição só deve ocorrer amanhã. A votação está prevista para o fim do semestre.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo