06/12/2022 14h00
Política ambiental não é setorial, mas de todo o governo, diz Marina Silva
A ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do grupo de trabalho responsável pelo tema do governo de transição, Marina Silva (Rede), traçou um cenário pessimista para a sustentabilidade do PaÃs, dizendo que é muito difÃcil reverter a piora do quadro verde se não houver um foco muito claro para a tarefa. Segundo ela, as instituições foram desmontadas ou enfraquecidas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) - Marina citou INPE e ICMBios, entre outras.
A ex-ministra disse que, apesar de já ter se desentendido com o PT e com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no passado por causa de visões diferentes sobre polÃtica ambiental, tem certeza de que a história agora será diferente. Segundo ela, "só que tem visão negacionista" do mundo não é capaz de acompanhar as mudanças que ocorreram nos últimos anos. "Ter polÃtica transversal faz toda a diferença. Lula disse que será (polÃtica) de todo o governo. Isso significa que a polÃtica ambiental não é setorial", afirmou, em evento promovido pelo Valor Econômico e O Globo na manhã desta terça-feira (6).
Para a ex-ministra, que deve atuar nessa área no novo governo, foi constituÃda nos últimos quatro anos uma polÃtica de "terra arrasada" que gera o descontrole do desmatamento. Marina defendeu que é preciso realizar investimentos ambientais e que esses recursos são investimentos para a economia.
Marina sustentou que é possÃvel o Brasil continuar a ser uma potência agrÃcola e energética sem precisar destruir a galinha dos ovos de ouro. Ela citou conversas preliminares com a Alemanha, por exemplo, que tem interesse no hidrogênio verde do Brasil para suprir a necessidade energética que hoje é ofertada pela Rússia.
Há a expectativa de que Marina comande uma autoridade sobre o tema que será criada no novo governo. "Lula tem a questão social, que é da vida dele, e a questão ambiental, que passou a ser igual à social. Claro que não é mágica. Ninguém se torna sustentável da noite para o dia, mas a dinâmica do governo pode ajudar nisso."
Fonte: Estadão Conteúdo