16/02/2023 08h10
Presidente do CNPq sugere reajuste anual de bolsa
O novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e Tecnológico (CNPQ), Ricardo Galvão, defende que as bolsas de pós-graduação no PaÃs sejam reajustadas anualmente para manter o poder aquisitivo dos pesquisadores e serem atrativas para os estudantes. Como o Estadão revelou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai anunciar nesta quinta-feira aumento médio de 40% para o auxÃlio dado a quem faz mestrado e doutorado.
Outras bolsas, como as de formação de professores, terão reajuste ainda maior. O governo deve também divulgar um aumento no número de bolsas concedidas.
As bolsas para pesquisadores não têm reajuste há uma década e, no mesmo perÃodo, o salário mÃnimo quase dobrou de valor. "Compensar toda a inflação desde 2013 acho difÃcil, mas é um absurdo ficar dez anos sem aumento. É preciso ter um processo de correção anual", disse Galvão.
Hoje, os auxÃlios de pós-graduação são de R$ 1,5 mil para mestrado e R$ 2,2 mil para doutorado. Eles devem ficar em R$ 2,1 mil e R$ 3,3 mil, respectivamente. Bolsas de pós-doutorado, de R$ 4,2 mil, devem ir para cerca de R$ 5 mil, um reajuste de 20%. As de iniciação cientÃfica júnior (para alunos de ensino médio) devem triplicar - o valor atual é de R$ 100.
Sobre o aumento no número de bolsas, Galvão disse que "esperaria cerca de mil, pelo menos, para mestrado e doutorado", mas afirmou não ter a informação de quantas serão anunciadas pelo presidente. Atualmente, são 77 mil no CNPQ, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e mais de 200 mil na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NÃvel Superior (Capes), ligadas ao Ministério da Educação (MEC), o que inclui os auxÃlios para professores em programas de formação.
DIREITOS TRABALHISTAS
Galvão afirmou ainda que vai estudar uma forma de contrato temporário de trabalho para os pesquisadores que recebem bolsa no PaÃs. O Brasil é um dos poucos paÃses do mundo que têm um sistema universal do governo de concessão de bolsas. Na Europa, em geral, os pesquisadores são funcionários contratados em s universidades e têm direito a férias, bônus e licenças. "Vamos estudar com a Mercedes (Bustamante, presidente da Capes) uma forma de implementar um sistema semelhante, já que com a reforma trabalhista é possÃvel fazer um contrato de trabalho temporário no serviço público. Mas não sabemos se é possÃvel juridicamente."
Segundo a reforma trabalhista, o temporário tem direito às mesmas garantias que o empregado por tempo indeterminado, como férias, 13º salário, horas extras, adicionais e pagamento do INSS. Galvão, no entanto, acredita que não se pode ter uma "mentalidade quadrada" porque o pesquisador não é comparado ao "trabalhador que bate prego". "Essa questão das férias é complicada porque o pesquisador está o tempo todo no laboratório. Se tem de fazer medidas, não pode deixar de ir porque é dezembro", afirmou. "O grande direito para o cientista é a satisfação de produzir ciência."
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) defende que os bolsistas tenham todos os direitos trabalhistas e previdenciários. "Não pode ser um vÃnculo precarizado, com um arcabouço de direitos, uma relação frágil em que o que prevalece é o poder do orientador sobre o orientado", diz o presidente da ANPG, VinÃcius Soares. Até 2016, por exemplo, as mulheres bolsistas não tinham direito à licença-maternidade e os casos eram negociados com o orientador. Soares diz, porém, que a ANPG também estuda como seria o vÃnculo trabalhista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo