Protestos por liberdade se espalharam por várias cidades sírias
Pelo menos 20 pessoas morreram nesta sexta-feira quando homens armados dispararam contra uma multidão que pedia mais liberdades políticas na cidade síria de Deraa, segundo testemunhas.
A correspondente da BBC em Damasco Lina Sinjab diz que, após um grupo de manifestantes tentar atear fogo na estátua do ex-presidente Hafez Assad, o som de um forte tiroteio foi ouvido na cidade.
Muitos manifestantes gritavam slogans contra Maher Al-Assad, irmão do atual presidente Bashar Al-Assad, filho de Hafez. Maher é o chefe da guarda presidencial.
Milhares de pessoas compareceram a manifestações por maior liberdade política nesta sexta-feira em várias cidades sírias e Sinjab diz que protestos nesta escala são extremamente raros no país e sugerem que a população pode estar perdendo o medo de contradizer o governo.
A Síria vive sob estado de emergência desde 1963 e a dissidência política não é permitida.
Funerais
Em Deraa, nesta sexta-feira, a manifestação se misturou com funerais de manifestantes mortos por forças de segurança na quarta-feira, quando pelo menos 25 pessoas teriam sido mortas após autoridades dispararem contra a multidão.
Nesta sexta-feira, foram realizadas manifestações de apoio aos protestos de Deraa também na capital, Damasco, e em diversas cidades do país.
No dia anterior, o governo havia anunciado que consideraria a introdução de reformas políticas, entre elas a decretação do fim do estado de emergência.
O governo também anunciou a libertação de todos os detidos desde o início dos protestos, na semana passada.
Deraa
Segundo analistas, a onda de protestos em Deraa é um dos maiores desafios enfrentados pelo presidente Bashar Al-Assad desde que ele assumiu o governo, no ano 2000.
A crise atual começou na última sexta-feira, quando moradores de Deraa protestaram contra a detenção de 15 crianças por terem escrito frases contra o governo em um muro.
Imagens de cinegrafista amador mostram os protestos em Deraa
Na quarta-feira, as forças de segurança ameaçaram invadir uma mesquita, alegando que ela estava sendo usada por gangues para estocar armas.
Na ocasião, o governo disse que na mesquita havia "crianças raptadas" que estavam sendo usadas como escudos humanos.
Centenas de pessoas reuniram-se então no local para impedir a invasão. Os choques com forças de segurança aumentaram com o cair da tarde, após a chegada de mais pessoas de vilas próximas que foram à Deraa participar dos protestos.
Há relatos de que as forças de segurança dispararam indiscriminadamente contra a multidão, embora o governo tenha negado.
O governo tem atribuído os atos de violência a “desordeiros” que desejam espalhar o pânico entre a população e prometeu investigar as mortes.