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27/10/2014 10h40

Redação do Enem é 'fiel da balança', diz professor

As próximas duas semanas serão a reta final para 8,7 milhões de candidatos que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os participantes terão de responder a 180 questões, mas, segundo especialistas, é a redação que tem papel preponderante na definição de quem vai bem e pode ficar com uma vaga na universidade. Professores indicam que ainda dá tempo para treinar a composição dos textos.

As provas ocorrem no fim de semana dos dias 8 e 9 deste mês. Aplicada no segundo dia, a redação é como "o fiel da balança", na avaliação do professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Miguel Franklin. "É a parte mais importante da prova, ela realmente demonstra se a pessoa sabe escrever, ler, articular as ideias."

Franklin realizou um estudo sobre o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nas universidades federais, que têm o Enem como critério. "Mas a cada ano aumenta a correlação entre quem vai bem na prova objetiva e na redação", afirma.

A redação é a única parte da prova em que é possível chegar a mil. Na correção da parte objetiva, o exame tem um modelo matemático, a Teoria da Resposta ao Item (TRI), que limita a nota máxima de acordo com o desempenho geral dos participantes - que nunca será mil. Com a TRI, os itens são pré-classificados por dificuldade. Assim, as notas não levam em consideração apenas a quantidade de acertos, mas também quais questões foram acertadas.

A diferença de pontuação na parte objetiva entre os aprovados em cursos mais concorridos costuma ser pequena. Portanto, garantir pontuação alta na redação pode ser decisivo. Todas as universidades federais usam, total ou parcialmente, o Enem como processo seletivo. Este ano, o Sisu ofereceu 51 mil vagas para quem tivesse feito Enem.

Única

A prova exige que os candidatos façam uma dissertação sobre um tema conhecido na hora, como ocorre em outros vestibulares. A diferença no Enem é a necessidade de o participante escrever uma proposta de solução ao problema abordado no tema. O respeito aos direitos humanos também deve ser contemplado.

Essas características demandam preparação específica. Para a professora do Curso e Colégio Objetivo Maria Aparecida Custódio, a redação do Enem é uma prova de cidadania. "Não basta apenas atribuir a solução ao governo, mas deve haver uma intervenção", explicou. "O aluno pode pensar, por exemplo, no papel do indivíduo, das ONGs, da imprensa."

A estudante Mariana Valério da Silva, de 17 anos, tem dedicado cinco horas por semana para treinar o texto. "Assim que acaba a aula, eu faço a redação. Começo por tópicos e depois faço os argumentos", explica. "Faço até seis textos na semana", diz ela, que pretende uma vaga em Engenharia. Além do Enem, Mariana também vai tentar uma vaga na USP.

A sugestão da professora Andrea Lanzara, do Cursinho da Poli, é ficar atento ao enunciado do tema. "A prova não é só de escrita, mas de leitura. Se o aluno compreende criticamente a proposta, chega onde a banca de correção quer que ele chegue."

Andrea indica que o estudante faça ao menos uma redação por semana, contemplando assuntos que já foram temas de provas anteriores, como a lei seca, tema do ano passado. Temas como água, a questão racial e lixo são algumas das apostas dos professores para o tema deste ano. "Hoje todo mundo tem celular. O que fazer com o celular velho? É possível admitir uma intervenção nesse sentido. Ideias que reduzam este lixo, que é extremamente prejudicial", diz a professora Simone Mota, do Etapa.

Queixas

A redação esteve envolvida em várias polêmicas do Enem. Desde 2012, o MEC passou a permitir que o estudante tenha acesso ao texto corrigido. Queixas de estudantes chegaram à Justiça, mas o governo ganhou todos os processos até agora.

Casos de redações nota máxima com erros e composições com deboches - um deles trazia uma receita e outro, o hino de um time - levantaram questionamentos sobre os critérios de correção nos anos anteriores. Desde o ano passado, provas com deboche são zeradas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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