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04/10/2014 11h10

Reforço da segurança não impede violência no Rio

Em mais um dia de insegurança no Rio, quatro pessoas foram feridas ontem no Complexo do Alemão e três veículos, incendiados, na Baixada Fluminense. Pelo terceiro dia consecutivo, 9.479 alunos ficaram sem aulas nos complexos do Alemão, Penha e Maré, na zona norte.

No Alemão, dois homens - um atingido no ombro e outro no joelho - e dois menores de idade com ferimentos leves causados por estilhaços foram atendidos na Unidade de Pronto Atendimento local e liberados em seguida.

Eles foram atingidos enquanto compravam comida em uma barraca perto da antiga fábrica de plásticos Tuffy, onde há uma ocupação com quase 2 mil pessoas. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), nenhuma das vítimas soube explicar de onde partiram os disparos.

Em Belford Roxo, dois ônibus e uma van foram incendiados nos arredores da Favela da Guacha. Cinco homens abordaram um ônibus no bairro Jardim Redentor, obrigaram passageiros, motorista e cobrador a descerem e atearam fogo.

Segundo a Polícia Militar, o ataque foi em represália a uma operação do 39.º Batalhão (Belford Roxo), em que um fuzil foi apreendido e um bandido, ferido. Este foi o terceiro ataque a veículos nesta semana.

No Complexo da Maré, onde atuam 2,7 mil militares das Forças de Pacificação (Exército e Marinha), permanece o clima de insegurança depois de três dias de tiroteios. Desde terça-feira, cinco pessoas morreram em confrontos em oito favelas.

O fundador do Observatório de Favelas, Jailson de Souza e Silva, cuja sede é na Maré, afirmou ao Estado que os confrontos entre traficantes das três principais facções criminosas do Rio já acontecem há semanas. "Uma guerra é a pior coisa que pode acontecer na favela. Os moradores tinham esperança de que com a polícia e o Exército haveria mais segurança, mas não é isso que vimos até agora", contou.

Por causa do clima de insegurança, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, antecipou em um dia o esquema especial para as eleições. Desde ontem, 30 mil policiais militares patrulham as ruas do Estado, além de 380 policiais civis que reforçam o policiamento nas ruas e delegacias, por dia, pelo menos até domingo.

Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), há uma "percepção geral" de aumento da instabilidade na área de segurança em períodos eleitorais.

No entanto, no Rio, o problema "é prolongado". Já para a socióloga Julita Lemgruber o aumento dos confrontos em favelas reflete a "exaustão" do atual modelo de segurança e "a falta de uma política de segurança articulada".

Fonte: Estadão Conteúdo
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