No Brasil, a maioria das empresas não realiza ações de prevenção às DST/Aids no trabalho, mesmo que a maior parcela dos afetados pela epidemia esteja em idade laborativa. Mas a parcela que realiza essas ações é constituída principalmente por empresas de grande porte. As atividades de prevenção quase não existem nas empresas com até 100 funcionários. É o que mostra um estudo realizado pelo Conselho Empresarial Nacional de Prevenção ao HIV/Aids (Cenaids) e apresentado nesta terça-feira, 2 de outubro, em São Paulo.
O estudo, feito em parceria com o Ministério da Saúde e com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), tinha como objetivo identificar as respostas empresariais brasileiras ao HIV/Aids no ano de 2012 para posteriormente aprimorar a prevenção no local de trabalho. 2486 empresas responderam ao questionário do Cenaids, representando uma amostra total de mais de 576 mil instituições.
De acordo com o levantamento, embora 68% das empresas pesquisadas considerem que o tema das DST e aids deve ser discutido no local de trabalho, apenas 14% delas realizaram ações e programas de prevenção nos últimos 12 meses, tendo essas empresas cerca de 475 funcionários, o que mostra que são as grandes instituições que realizam essas atividades. O lado positivo, segundo Pedro Chequer, representante do Unaids Brasil, é que essa porcentagem atinge 82 mil companhias, que abrangem cerca de 17 milhões de pessoas.
Neusa Burbarelli, presidente da Cenaids, destaca como dado positivo o fato de 60% das empresas que realizaram ações de prevenção terem apoiado o aconselhamento e a testagem voluntária. 91% delas divulgaram os modos de transmissão e de prevenção do HIV e 89% incentivaram o uso do preservativo. 50% delas distribuíram as camisinhas gratuitamente.
Os realizadores da pesquisa observaram que uma empresa com uma diretoria particularmente preocupada com a causa, que reconheça os impactos causados pela epidemia da aids à economia e que aja como uma empresa responsável são pontos importantes para as ações de prevenção.
Das instituições que não realizaram ações de prevenção, 48% delas acreditaram não ser necessário, 24% disseram que a causa não é uma prioridade, 13,5% disseram que não têm interesse e 25% disseram ter planos para ações futuras. A região com menor número de ações de prevenção nas empresas foi a região sul.
“Temos alguns desafios, como pensar o que vamos fazer na região Sul, que está com uma alta incidência, e, principalmente, como vamos alcançar as pequenas empresas, que são a maioria no país e as que menos previnem”, enfatizou Neusa Burbarelli. A presidente do Cenaids acrescentou ainda que é preciso superar a ideia de que a aids é um problema resolvido no país. Na opinião de Pedro Chequer, o Ministério do Trabalho deveria se envolver mais com a questão da prevenção no trabalho. “Embora tenha pouco envolvimento atualmente, estão sendo feito esforços para que isso aconteça. É importante também a mobilização das centrais sindicais, e não só das empresas”, conclui.
Estavam presentes também na apresentação da pesquisa o Diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Dirceu Greco, e o diretor-adjunto do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa. A apresentação aconteceu no XII Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida.
Fonte: Agencia Aids