06/11/2014 09h35
Seca faz cidade do Rio viver situação de emergência
A longa estiagem já matou 1.100 cabeças de gado e praticamente inviabilizou a pesca artesanal no municÃpio de São Fidélis (norte fluminense), um dos mais afetados pela seca que atinge o Estado do Rio.
Com economia dependente da pecuária (eram 84 mil cabeças antes da estiagem), a população de São Fidélis acompanha atônita a transformação da paisagem na zona rural. O Riacho São Benedito, que abastece os açudes das fazendas de gado antes de desembocar no Rio ParaÃba do Sul, está seco.
"Esses açudes vazios são o retrato da nossa situação. Parece que estamos em um deserto. Nasci em São Fidélis e nunca tinha visto isso. É terrÃvel", disse o secretário municipal de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca, Gilberto França. "Não tem mais o que o animal comer. Ele morre de desidratação. Deita e não levanta mais. Só a chuva pode resolver a nossa situação." Segundo França, a produção de leite, que havia chegado a 313 mil litros em setembro de 2013, caiu 80%.
Caminhões da prefeitura levam cana-de-açúcar comprada no municÃpio vizinho de Campos para alimentar o gado nas fazendas. Enquanto isso, retroescavadeiras cavam covas para enterrar os animais que não resistem à seca.
São Fidelis tem população relativamente pequena (38 mil habitantes), mas é um dos cinco maiores municÃpios do Estado. Faz divisa com seis cidades. Em 30 de setembro, o prefeito Luiz Carlos Fernandes Fratani (PMDB) assinou decreto que solicitava o reconhecimento de Situação de Emergência no municÃpio.
O governo federal informou que o processo havia chegado incompleto. Foi reencaminhado em 29 de outubro pela prefeitura. Deverá ser analisado até o próximo fim de semana.
Com o reconhecimento federal, o municÃpio receberá ajuda para comprar equipamentos, entre outros benefÃcios. No decreto de calamidade, o prefeito admite que o desastre superou sua capacidade de gestão. O valor necessário para a execução das ações de emergência está estimado em R$ 3 milhões no ofÃcio encaminhado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O orçamento anual de São Fidélis é de R$ 68 milhões.
O superintendente da Defesa Civil Municipal, Cláudio Luiz de Almeida, disse que não foi necessário racionar água para a população, apesar da baixa do nÃvel do ParaÃba do Sul, mas a Companhia Estadual de Ãguas e Esgotos (Cedae) precisou aumentar a tubulação que faz a captação do rio. Já a pesca tornou-se "impossÃvel", segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z-21, Sirley de Souza Ornelas.
"Cerca de 200 famÃlias sobrevivem da pesca. Hoje essas famÃlias estão sofrendo com uma seca jamais vista. Até mesmo os mais antigos pescadores nunca contemplaram um volume de água tão baixo no ParaÃba do Sul, tornando praticamente impossÃvel a atividade pesqueira", diz Ornelas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo