03/11/2022 21h00
Testes positivos de covid crescem nos laboratórios; qual risco de uma nova onda?
Os resultados de laboratórios particulares indicam um aumento do número de testes positivos de covid-19 no Brasil. Entre 8 e 29 de outubro, o PaÃs saltou de 3% para 17% de novos diagnósticos confirmados para o vÃrus em relação ao total, segundo levantamento do Instituto Todos pela Saúde. A Europa já tem visto uma elevação de casos e internações. Especialistas afirmam que é improvável que o Brasil sofra um pico tão grande como ocorreu no 1º semestre do ano passado, mas dizem que é preciso monitorar o surgimento de variantes e a redução da procura pelo reforço vacinal.
O levantamento inclui uma amostra de 595,5 mil testes dos laboratórios Dasa, DB Molecular e HLAGyn, realizados entre 5 dezembro de 2021 e 29 de outubro de 2022. Com as lacunas de testagem pelo poder público, tem sido mais difÃcil antecipar a circulação do vÃrus pelo PaÃs. Segundo o instituto, houve aumento significativo da positividade nos diagnósticos em Estados como Mato Grosso, onde o crescimento foi de 3% para 18%; em São Paulo, de 10% para 19%; e também no Rio, que registrou escalada de 15% para 26%.
Se confirmada uma nova onda, seria a terceira registrada no PaÃs em menos de um ano, todas ocasionadas pela variante Ômicron. A primeira, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, foi provocada pela sublinhagem BA.1 da variante; a segunda, entre maio e julho, foi causada pelas linhagens BA.4 e BA.5, que são, hoje, as que circulam no Brasil com maior frequência.
"Há algumas semanas, regiões como Japão e França, têm enfrentado surtos causados por descendentes da variante Ômicron BA.5. E esse aumento da positividade de testes no Brasil, muito provavelmente, está sendo ocasionado por linhagens que já circulam aqui, ou por novas variantes que circulam globalmente", afirma Anderson Brito, pesquisador cientÃfico do ITpS, responsável pela coordenação dos relatórios do instituto. "Muito provavelmente, a gente vai observar o cenário mudando ao longo das próximas semanas, indicando uma elevação de casos", alerta.
É difÃcil de prever o impacto da nova onda, segundo o pesquisador, porque depende da variante circulante e dos nÃveis de proteção a nÃvel populacional. Mas, para ele, é "improvável" que o Brasil sofra, novamente, impactos grandes da doença como em meados do ano passado, quando uma onda da variante Gama fez disparar o número de casos de pacientes no PaÃs. "Felizmente, onda após onda, temos visto número de hospitalizações e mortes cada vez menores. Muito disso se deve ao avanço da vacinação".
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 399 milhões de doses foram aplicadas no PaÃs. Com isso, 91,5% da população tomou a 1ª dose e 85,8% estão completamente vacinados. Mesmo assim, o pesquisador do ITpS alerta que linhagens responsáveis pelo aumento de casos positivos em paÃses da Europa, como a França, devem chegar ao Brasil. É o caso da BQ.1.1, que se origina da variante BA.5. "É normal virem linhagens modificadas com mutação que dão vantagens de forma a conseguirem evitar o reconhecimento pelo nosso sistema imunológico", explica o pesquisador.
A subvariante foi identificada em pelo menos cinco paÃses do continente e, conforme as autoridades, ameaça ser predominante entre o fim de novembro e o inÃcio de dezembro. No último 19 de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS), manteve o status da covid-19, como emergência sanitária internacional. "Embora seja óbvio que a situação global tenha melhorado desde que a pandemia começou, o vÃrus continua a sofrer mutações e a incerteza e muitos riscos permanecem", disse à época diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Brito lembra ainda que as vacinas que estão sendo distribuÃdas contra a covid-19 são capazes de fazer uma proteção contra a maioria das linhagens circulantes, mas que o atual cenário de disseminações serve de aviso sobre o nÃvel de proteção de cada um."Alguém que é mais jovem tende a ter uma defesa por um perÃodo mais intenso, mas há subpopulações mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos, que perdem essa defesa com mais rapidez. Se eles tomaram ainda a vacina de reforço, o momento pede que atualizem o esquema vacinal", conclui o pesquisador.
Fonte: Estadão Conteúdo