Da capital paulista, o aposentado Wagner Nunes viaja cerca de 250 quilômetros todos os anos para comprar vinhos em Andradas (MG). Os espumantes e os vinhos tinto e suave compõem a mesa do paulistano que não abre mão da bebida produzida e engarrafada no Sul de Minas. Mas ele não é único. É nesta época de Natal que as vendas crescem até 30% e o movimento de turistas de outros estados cresce até 70% nas vinícolas da região.
Desde o início do século 20, Andradas é um polo de vitivinicultores. Atualmente, conta com 11 adegas que fabricam, especialmente, os vinhos bordô, feitos com folha de figo, além dos Niágara rosada e Niágara branca, feitos com até 95% de uvas cultivadas na própria região.
O sócio proprietário de uma das adegas, Gervásio Beloto conta que a produção de vinhos é algo herdado de família, que começou a colher as uvas da região e a fazer os vinhos em 1928. Hoje, o espaço dispõe de pelo menos 14 tipos diferentes de bebidas, todas feitas à base da uva, que quando não é suficiente na região, precisa ser importada de Caixas do Sul (RS).
“Nós que fazemos tudo, no entanto, em alguns momentos a produção é tão grande que trazemos a uva de fora. Por ano, produzimos mais de 350 mil litros de vinho”, conta.
Na adega que fica em uma fazenda na área rural de Andradas, 90% do vinho é feito de forma artesanal, ou seja, em toneis de madeira, que segundo Beloto, conservam melhor o sabor da uva. “Apesar do gasto para manter os toneis, o gosto do vinho fica bem diferente por ser feito de maneira artesanal. Temos toneis que armazenam de dois até 40 mil litros”, explica.
É justamente o sabor da uva que tem o produto que faz com a que lavradora Maria Inês Santos saia do distrito de Campestrinho, próximo a Andradas, para comprar garrafões de vinho para o Natal. “Eu frequento aqui há 20 anos e todo Natal eu compro pelo menos um garrafão para a festa”, diz.
Vinícolas também viram ponto turístico
Em outra adega, também na zona rural de Andradas, os visitantes representam a maioria dos clientes e as bebidas produzidas no local servem os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e também a capital mineira, além de serem distribuídas no entorno do município, em um raio de 120 quilômetros. Por ano, dois milhões de litros de vinho são engarrafados no local. Os preços dos vinhos variam entre R$ 7,50 a R$ 40. Já os espumantes ficam em torno de R$ 22.
Segundo Luciano Vila, guia turístico do espaço, além da loja de vinhos, a adega dispõe de um passeio pela vinícola, onde é possível conhecer como o vinho é feito, desde as parreiras até a fermentação. “Funcionamos de segunda a segunda e oferecemos 36 produtos diferentes. Durante as visitas, os turistas podem entender o processo de feitio do vinho e fazer a degustação”, conta.
A novidade é que, neste ano, foram incluídos passeios bilíngues, onde o guia recebe turistas estrangeiros, como um gripo que veio da Alemanha para conhecer a vinícola. “O processo de feito desperta curiosidade nos estrangeiros, especialmente. Mostramos tudo, inclusive a forma artesanal”, completa Vilela.
Ainda de acordo com ele, a visitação e a venda de vinho no local, para turistas de outros locais aumenta em torno de 70% durante o período de festas. “Recebemos muito cliente de fora e a venda cresce, porque muitos compram vinhos para presentear, para festas de fim de ano, de Natal. Os que tem mais saída são os vinhos tinto e os espumantes”, diz.
Quem comprova isso é o casal Fernanda e Eduardo Machado. Da capital paulista, eles fazem turismo na região e o suco de uva servido no café da manhã em um hotel em Poços de Caldas (MG) despertou interesse pela visitação à adega. E eles saem levando 12 garrafas de suco de uva, tanto tinto como branco. “Nós tomamos o suco no hotel e o sabor é muito bom. Nos indicaram a adega e vivemos conhecer, além de comprar algumas garrafas que serão para consumo próprio. O gosto é bem diferente do que compramos em São Paulo. O suco tem o sabor da fruta. Parece que estamos chupando uva”, comentam.
As vendas para turistas não param por aí. Angélica de Assis Maximiano, do Rio de Janeiro, aproveitou uma visita de turismo que faz com um grupo também para conhecer a adega e levar três caixas de produtos sortidos, que vão ser consumidas durante as festas de fim de ano na cidade em que ela vive. “O preço é bacana e o produto é muito saboroso. Estou levando muitos vinhos mineiros para presentear meus amigos, parentes e também para consumir”, finaliza.