Inúmeras experiências de sucesso, a partir da implantação de iniciativas pró associativismo, têm demonstrado a importância do papel das associações comerciais e empresarias como uma potencial alavanca no processo de desenvolvimento e progresso de vários municípios. Quando a sociedade se organiza, os reflexos positivos logo surgem.
É justamente esta experiência que está mobilizando empresários e comerciantes de diferentes segmentos em Liberdade, desde as primeiras ações para implantação de um núcleo de associação comercial.
A iniciativa partiu da estratégia negocial DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável) do Banco do Brasil e a crença no associativismo para desenvolvimento local e regional. “Nós juntamos parceiros – como o próprio jornal Correio do Papagaio, na pessoa do Marcio Muniz; Prefeitura Municipal de Liberdade, com varios atores, inclusive o prefeito Arinel da Silva Pereira; a Emater de Liberdade; a UBL (União de Bairros de Liberdade); a Associação dos Artesãos de Liberdade; a Associação dos Produtores Rurais de Liberdade; a Terra Uma; além de profissionais liberais, empresários e lideranças no geral. A atividade escolhida para ser trabalhada foi o Turismo (ecológico, religioso e rural). A partir disso, elaboramos um diagnóstico da cidade e, com base nele, um plano de negócios onde constam ações diversas a curto, médio e longo prazo. Uma das ações do Plano de Negócios é a criação de uma associação comercial para a busca de uma representação do empresariado local. A associação agora criada como Núcleo de Negócios, vinculada à Associação Comercial de São Lourenço, terá papel fundamental na continuidade dos trabalhos”, explica o gerente da agência local do Banco do Brasil, Renato Valadares Teixeira.
Para entender melhor todo o processo, desde seu início, a reportagem do Correio do Papagaio entrevistou Teixeira e o Grupo Gestor do DRS de Liberdade.
Correio do Papagaio (CP).: Inicialmente, explique-nos o que é DRS?
Grupo Gestor do DRS de Liberdade (GG): É uma estratégia negocial do Banco do Brasil, que busca impulsionar o desenvolvimento sustentável das regiões onde o BB está presente, por meio de mobilização de agentes econômicos, sociais e políticos, para apoio a atividades produtivas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, sempre observada e respeitada a diversidade cultural.
CP.: Conte-nos o início de tudo: como surgiu a iniciativa e quais os objetivos?
GG.: O DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável) de Liberdade, com o apoio do Banco do Brasil por intermédio do gerente Renato Valadares Teixeira, teve início em novembro de 2007 através de conversas informais com a diretoria da Asalibre (Associação Agropecuária de Liberdade e Região), através de pessoas como Manoel Rômulo da Cunha, seu presidente; Geraldo Magela de Barros Mendes Filho, tesoureiro; e o prefeito municipal Arinel da Silva Pereira. Daí para cá, muitas reuniões foram feitas, muitas conversas travadas. Apareceram vários atores sociais para juntos fortalecerem o DRS – que não é do Banco do Brasil, mas que, através desta estratégia, apóia e incrementa um desenvolvimento regional para que todos possam crescer.
Muitos foram, são e serão os parceiros, pois o DRS é flexível, sintonizado com novas necessidades, atuante em diferentes pontos que se fazem necessário no percurso do desenvolvimento que se pretende.
A princípio, o DRS de Liberdade pensou em executá-lo em três áreas diferentes: agropecuária, reflorestamento com eucalipto e reciclagem de lixo. Mas as idéias, e os pontos eram convergentes. Até que, numa das primeiras reuniões, pensou-se em unir todos estes aspectos num só: que fosse o desejo de todos os libertenses. O grupo reunido resolveu que o DRS deveria girar em torno do Turismo (religioso – que é o forte da cidade; rural – atendendo aos produtores rurais e produtores de eucaliptos; ecológico – mantendo o meio ambiente conservado e atendendo a demanda da reciclagem do lixo urbano).
CP.: Qual o perfil econômico do município?
GG.: O perfil econômico de Liberdade está ligado basicamente à agropecuária, alem da produção de adubo termofosfato, produzido pela Cia. de Níquel do Brasil, e ao turismo religioso, ligado à festa do Senhor Bom Jesus do Livramento, que acontece nos dias 12, 13 e 14 de setembro. Mas todos estes aspectos, por si só, não alavancam o desenvolvimento desta região. Daí esta busca do DRS de Liberdade, desenvolver o turismo local em seus diferentes aspectos.
CP.: Quais os principais desafios enfrentados no começo do trabalho e o que de positivo já foi conquistado até hoje?
GG.: Os trabalhos se iniciaram em abril de 2009. Foram longos e demorados, pois tivemos que fazer um diagnóstico sobre a atividade a ser desenvolvida. Muitos dados foram coletados através de pesquisa “in loco”, averiguação da existência ou não da demanda pretendida, questionamentos, buscas da realidade existente, contatos individuais com futuros parceiros de diferentes áreas: governamental, iniciativa privada, sociedade civil, empresários, profissionais liberais, produtores rurais e entidades religiosas – buscando sempre esclarecer estes agentes sobre a metodologia DRS. Com isso o grupo atravessou o ano de 2008 e meados de 2009, pois era muito importante que as várias entidades, associações, líderes sociais, políticos e religiosos, pessoas individuais se envolvessem com o DRS e passassem a vestir a camisa desse ideal.
As conquistas já foram várias:
- Planejamento de excursão de visitação turística e acadêmica por um grupo de estudantes da Microcamp de Volta Redonda (RJ), que não foi finalizado, mas planejado em todos os seus detalhes, envolvendo vários aspectos da sociedade local;
- Participação do peixamento do rio Grande (10.300 peixes) em 16/04/2010 com espécimes doados pelo projeto da CEMIG;
- Participação de palestra do Sebrae em Carvalhos, com a participação de 23 libertenses voltados para a revitalização do comércio do município;
- Tentativa de reativação da Associação Comercial de Liberdade, que trouxe o contato e a parceria com a Associação Comercial e Industrial de São Lourenço, criando o Núcleo de Negócios de Liberdade, com aproximadamente 20 sócios fundadores;
- Palestra do Sebrae em Liberdade sobre atendimento aos clientes;
- Participação no lançamento da safra 2011, pela Emater e Banco do Brasil, com participação de 12 municípios da região;
- Incentivo e participação da 1ª Canoagem Ecológica do Rio Grande em Liberdade, num trecho de 5 km para averiguação e limpeza do mesmo, com pretensões futuras de criação de um passeio regular no rio Grande;
- Divulgação das atividades do grupo “Moto Clube Trilheiros das Gerais”;
- Participação do encontro do Comitê da Bacia do Alto Rio Grande, em 09/11/2010, composto por municípios;
- Palestra sobre urbanismo e o turista em Liberdade, ministrada por Xaides Sampaio Alves, filho da terra e doutor em Urbanismo na Unesp de Bauru (SP);
- Apoio e participação do parceiro UBL, na 12ª Flumisul em Barra Mansa (RJ);
- Participação efetiva na festa do padroeiro da cidade;
- Participação na 1ª Mostra Cultural de Liberdade, promovida pela Unipac local, sob a direção da professora Rita de Cássia Rodrigues e alunos do curso de magistério superior;
CP.: Quais as principais atividades que já foram desenvolvidas desde o começo deste trabalho?
GG.: - Realização do diagnóstico sobre a atividade de turismo no município;
- Elaboração do plano de desenvolvimento da atividade;
- Participação em diferentes atividades realizadas na/pela cidade;
- Visitação de pontos turísticos existentes ou a serem desenvolvidos;
- Envolvimento de vários segmentos da localidade;
- Contato com várias associações: UBL (União dos Bairros de Liberdade); de Artesãos (LIBER´Arte); de produtores rurais (Asalibre); Meio Ambiente; Codema, Emater, Sebrae, Terra Una, Associação Ave Lavrinha (Bocaina de Minas);
- Intercâmbio com equipes de canoagem, trilheiros, skaitistas (inclusive, esta é uma ação do Conselho Tutelar Municipal, a qual apoiamos). Neste caso, crianças e adolescentes do município estão tentando construir uma pista de skate, e a mesma poderá, futuramente, fazer parte de um circuito regional, estadual, nacional e quem sabe até internacional. Sonhar é um excelente elixir de longa vida;
CP.: Em sua opinião, como está sendo a receptividade do empresariado local?
GG.: Como mineiros, estão trabalhando com calma e cautela, mas avançando sempre.
CP.: Quais serão os próximos passos este ano?
GG.: Avaliação passo a passo do que já foi realizado, alterando rumos se necessário; implementação das ações previstas para este ano: coleta seletiva do lixo; capacitação do comércio local e da sociedade como um todo no sentido de se prepararem para o recebimento de turistas em nossa cidade; captação de fotos, vídeos, relatos de pontos turísticos existentes no município, para criação de roteiros de visitação; confecção de folhetos, folders de divulgação da cidade; construção da identidade e divulgação da Estratégia DRS junto à sociedade; manter a mobilização e apoio as lideranças; manter vivo o entendimento da necessidade do associativismo para desenvolvimento regional sustentável.