Cientistas fizeram o mapeamento mais completo de tumores de mama.
Pesquisa publicada na"Nature" confirma existência de 4 subtipos principais.
A mais completa análise genética já feita sobre o câncer de mama, publicada no domingo (23) no site da revista "Nature", aponta que um dos quatro subtipos mais mortais desse tumor tem origem e características semelhantes ao de ovário.
Segundo os autores, liderados pelo pesquisador Matthew J. Ellis, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, nos EUA, a descoberta sugere que as duas doenças poderiam ser tratadas no futuro com os mesmos medicamentos. Isso porque, mais do que serem vistos de acordo com a localização no corpo, os tumores devem ser catalogados e cuidados com base nos genes que são interrompidos.
Ao todo, foram analisadas 825 mulheres com tumor de mama. Por meio de seis tecnologias diferentes, os cientistas avaliaram 350 cânceres. Os quatro principais subtipos mais letais são: basal, HER2, luminal A e luminal B.
Com a ajuda de cientistas da Universidade da Carolina do Norte, a equipe identificou que mutações em apenas três genes (TP53, PIK3CA e GATA3) são responsáveis por câncer de mama em mais de 10% das pacientes, a maioria jovens e afrodescendentes.
Mutações em cada gene
Cerca de 80% dos tumores basais tinham mutações no gene TP53, e os outros 20% apresentavam alterações nos genes BRCA1 e BRCA2 – esses três também são responsáveis por aumentar o risco de câncer de ovário.
A maioria das pacientes com câncer do tipo luminal A apresentou bons resultados, e a mutação mais comum foi no gene PIK3CA, presente em 45%. Alterações no TP53 ocorreram em 12% desses casos.
Já no subtipo luminal B, as mutações mais comuns ocorreram nos genes TP53, ligado a maus resultados, e PIK3CA, relacionado a bons prognósticos.
Além deles, os cânceres do tipo HER2 não tinham receptores dos hormônios estrogênio, progesterona e do fator de crescimento epidérmico, que atua na regeneração celular. Esse tumor normalmente não responde a tratamentos hormonais nem quimioterápicos.
Atlas do Genoma do Câncer
O projeto faz parte do Atlas do Genoma do Câncer, financiado pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA, cujo objetivo é identificar e catalogar mutações genéticas envolvidas nos tipos de tumor mais comuns.
Na opinião da co-autora Elaine Mardis, do Instituto Genoma, esses dados podem servir para responder a outras perguntas sobre como mutações específicas afetam a sobrevivência de uma pessoa ou a resposta a certas drogas, o que pode levar a novas estratégias de tratamento.
De acordo com os cientistas, novos trabalhos nesse sentido ainda são necessários. Atualmente, o câncer de mama do tipo "basal" é tratado com quimioterápicos que não são tão eficazes e ainda têm efeitos colaterais severos.
Fonte: G1