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Opinião
04/02/2016 14h36

A nova Barbie e a questão de representatividade

Por Rafaella Iwakura

28 de janeiro de 2016 foi um dia para entrar na história. Neste dia, e depois de 56 anos, a Mattel anunciou que a sua icônica boneca Barbie terá mudanças significativas. Agora, a boneca apresentará 4 tipos de corpo, 6 tons de pele e diferentes tipos de cabelos e olhos.
Um novo momento na história da empresa está sendo impulsionado, onde as meninas estão encorajadas a se sentirem parte de uma real beleza e de um padrão estético sem padrões. As respostas dos consumidores na página oficial da Barbie no Facebook não poderiam ser mais positivas:
“Agora sim terei vontade de comprar uma Barbie para a minha irmã mais nova. Amei a iniciativa! Para os que gostam dos modelos ‘antigos’, não precisam se preocupar. Elas não fugirão do mercado. Só temos mais opções e cada um escolhe a que quer”
“Obrigada por ouvir os consumidores! Obrigada por ajudar a ensinar as meninas e meninos que, desde cedo, temos diferenças que nos fazem ser únicos e lindos. Todo o amor pra essa campanha! #atéqueemfim!”
Com isso, a Mattel melhora sua relação com o consumidor e mostra algo às empresas de brinquedos e produtos para crianças: não se pode ignorar o novo contexto social em que vivemos. Discussões sobre representatividade, gênero e feminismo não podem (e nem devem) ser ignoradas.
O consumidor quer ser ouvido, e agora, não no próximo século. Quer se sentir representado nos produtos e consumir dentro de uma lógica menos sexista. A conectividade traz um mundo sem fronteiras, com mais informação. A informação gera autonomia e permite que o poder de escolha esteja potencializado ao infinito.
Inúmeras são as demonstrações da força e do poder de escolha dos consumidores. É o caso do menino Matias, que teve sua foto ao lado de um boneco de Star Wars viralizada simplesmente porque falou “Eu gosto dele porque é preto igual a mim”. Sincero e direto. E as redes sociais abraçaram Matias, com milhares de likes que mostraram que o menino não está sozinho.
Sábias as empresas que escutam seus consumidores. Quando vejo uma campanha ruim, que não se comunica positivamente com o cliente, ser “detonada” na internet, fico pensando que quem a idealizou certamente está alienado a todas as questões que levantei nesse texto. Mas como pode? Em que mundo está vivendo? Será que ignora propositalmente todos os sinais?
Tento entender o porquê da demora das empresas em mudar o rumo das comunicações, das interações e das ações com o consumidor. Espero que compreendam esse novo momento e estejam preparadas para ele. Que estejam abertas para a mudança e que se deixem conduzir sabendo mais ouvir do que falar, porque o consumidor não está pra brincadeira não. Representatividade importa sim!

*Rafaella Iwakura é mãe, jornalista e editora do projeto Eduque Com Carinho.

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