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Opinião
11/01/2011 16h52

A garrucha, a cueca e o batizado

A garrucha, a cueca e o batizado

Desfrutávamos mais uma vez de um roteiro turístico às Serras Gaúchas, tendo por base a cidade de Gramado, quando tivemos a oportunidade de conhecer um casal de “bem vividos”, cujo cidadão, de nome Umbelino – que mesmo no auge dos 83 anos era uma pessoa extremamente carismática, tal a vitalidade exposta sobre todos os momentos que juntos passamos a conviver.

Comentando a respeito do gostoso passeio turístico no trem a vapor de Bento Gonçalves a Carlos Barbosa, o qual não conhecia, emocionado, mostrou-se ávido em participar.

Em conversa, contou-nos que por muitos anos como chefe de vagões dos Correios e Telégrafos na região Sudeste, funcionou em inúmeros ramais ferroviários a levar àquela gente sofrida do interior o progresso e trazer a esperança através das correspondências, jornais e revistas, encomendas, dinheiro, entre vários tipos de documentos, cujo trem teve o seu papel de importância nesta integração social e humana. Porém, essa convivência permanente por conta desse elo de ligação, o tornou uma figura em destaque e principalmente junto às estações – não só pela função responsável exercida, como também pela simpatia e carisma de que era dotado.

Com certa emoção, recordando o passado que já vai longe, lembrou-se de quando a direção dos Correios e Telégrafos o nomeou na sede, à capital da república, chefe do Trafego dos Telégrafos, o que levou a ter que deixar o trem depois de 15 anos. Claro que sua nomeação ao importante cargo o deixaria envaidecido e lisonjeado. Todavia, como contou, foi para ele um golpe violento, o qual entristecido e arrasado, custou aceitar. Pois teria de se afastar dos amigos, dos companheiros, das ferrovias, das estações, das agências dos correios, enfim daquele convívio quase familiar que durante anos se formou pelo companherismo sincero, honesto e de verdade, vez que sua nova função não mais seria ligada às ferrovias e, sim, a gabinetes e reuniões burocráticas.

Recordando-se, narrou que certa vez sua secretária lhe anunciou que um cidadão de nome Deodato gostaria de estar com ele e esperava pela oportunidade. Mesmo não sabendo de quem se tratava, solicitou que entrasse.

Então veio a surpresa! Era o agente ferroviário “Dodô”, de Caçapava (SP) – que numa ocasião por estar envolvido num caso amoroso onde fugia do pai da moça que portava uma garrucha e, segundo se soube, por a ter engravidado – se viu apavorado, e obrigado a se esconder com medo de morrer. Só que por sorte, Umbelino o acolheu no carro-correio açoitando-o a levá-lo até Lorena (SP). Todavia, ao saltar, apavorou-se ao ver o homem à plataforma, no que o fez desesperado retornar o vagão seguindo a Cruzeiro. Umbelino recordou-se, que Deodato teve de retirar sua cueca, pois o pavor pelo pai da moça o fez borrar-se todo! Portanto o que era dramático transformou-se num tragicômico.

Deodato ali estava, para convidá-lo a ser o padrinho do seu filho, pois casara-se com aquela moça, cujo nome é Hilda, e seu sogro queria lhe agradecer por o ter evitado de estar na cadeia. Por isso seria uma honra tê-lo também “cumpadre”.

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