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Opinião
12/01/2011 09h01

A gorda e o pinguço

A gorda e o pinguço

Agraciado com um genuflexório por um carpinteiro em Rio das Flores (RJ), pela oficialização da bela cerimônia de suas bodas de prata, padre Barbosa resolveu então, com permissão do artesão, doá-lo à sub-sede da arquidiocese em Valença, dada a precariedade existente numa morada da periferia. Por tratar-se de um mobiliário, de certo ponto pesado e volumoso, utilizou-se do trem misto da madrugada.

Embarcado às 06h com seu genuflexório, num canto  do vagão, lá ia Barbosa atendendo alguns fiéis com sua benção a estender sua mão, quando – mesmo sob o vozerio reinante, o cacarejar das galinhas, ronco dos porcos, canto dos pássaros às gaiolas entre outros não identificados – uma mulher gorda sentada com dois amarrados de verduras e legumes no chão ergueu-se espantada a passar as mãos sobre as nádegas e a cheirar olhando o banco. Se sentindo indignada, dá um tapão no cidadão ao lado vociferando:

– Cachorro! Você se mijou e me encharcou toda de xixi. Seu porcalhão!

O homem, que dormia a sono solto com o chapéu sobre o rosto, se apruma no assento e perplexo a esfregar o braço estapeado, responde:

– Não fui eu não dona!

A mulher retruca:

– Lógico que foi. Seu porco! E agora, toda mijada, o que faço?

O homem – que óbvio, mostrava-se em estado de embriaguez – gesticulando disse à senhora que fosse à porta do vagão e pusesse o molhado ao vento do trem que secava. A gorda, furiosa e possessa, passou a sacudi-lo – no que caiu sobre seus amarrados e danificou as hortaliças. Mais irada ainda, segura-o a dizer que ia jogá-lo fora do trem. Barbosa sentindo a tragédia, levanta-se e tenta interferir apartando a briga, o que conseguiu com ajuda de outros sitiantes.

Com a calma aparente reinando, o pinguço a um canto, de pé, encostado ao balaustre a balançar e a mulher agachada a arrumar suas verduras destroçadas e espalhadas a resmungar, visivelmente “invocada”, sob tensão dos passageiros que a observavam, manteve-se mais calma. De súbito, ergueu-se a caminhar em direção à porta central, abrindo-a parcialmente e de costas, põe o molhado do xixi a secar – o que provocou risos em todos presentes, inclusive em padre Barbosa que, meneando a cabeça, pensou consigo mesmo: “Deus seja louvado, escrevendo certo por linhas tontas, digo, tortas! Não é que o pinguço tinha razão!?”

E assim, padre Barbosa, mais uma vez, nos brindou com este e com tantos outros episódios ao longo da sua santa vida!

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