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Opinião
10/01/2011 16h14

A importância do conhecimento

A importância do conhecimento

Dona Guilhermina, uma simpática senhora que conhecemos durante a viagem à cidade de Conservatória (RJ) – localidade famosa e bem conhecida pelas tradicionais serestas noturnas às ruas – cuja longevidade etária no alto dos 92 anos, nos surpreende pela desenvolventura física e a lucidez demonstrada no conversar e participar dos assuntos versados, inclusive recordando passagens de sua vida de maneira clara e detalhada, onde na profissão de professora, exerceu por anos sua atividade à cidade de Parapeuma (RJ).

Morando em Valença, diariamente pelo expresso das 5 horas seguia em direção à escola onde lecionava e atuava como orientadora pedagógica, tendo o retorno, no trem misto das 17 horas. Essa locomoção perdurou por 22 anos, com o passe livre permanente agraciado pela ex-Central do Brasil por ser professora, e com isso conseguiu infinidades de episódios, os quais ainda bem vivos os têm à memória a contar.

Entre eles, gracejando, contou-nos um em especial, que hoje o tem como o mais tragicômico na coletânea de fatos amealhados às viagens nas saudosas marias-fumaça.

Embarcada de retorno à Valença, em cujo vagão havia poucos passageiros, logo que o trem partiu, um cidadão, aos gritos de socorro pedindo ajuda, deixou desesperado o toalete com a calça enrolada à mão e joga-se a um par de poltronas a clamar por Deus, rogando-lhe que o salvasse da morte.

Perplexos e aturdidos, os passageiros a olhá-lo, apenas se entreolhavam pois nada entendiam.

Deixando seu lugar, Guilhermina chega-se ao desafortunado homem a lhe pedir calma e pedindo que dissesse o que estava ocorrendo. Apavorado, o “dito moribundo”, já em choro convulsivo, segura nas mãos da professora e de forma quase incompreensível, diz:

– Moça, fui picado por uma cobra quando usava a privada! Por Deus, me ajuda pois vou morrer.

Tentando tranquilizá-lo, indaga de que tipo e característica é a serpente e aonde foi atingido. Revelando que desconhecia aquela cobra, apontou às nadegas tomado por tremores e, chorando em desespero, ficou à espera da “morte” jogado às poltronas.

De súbito, espavorido, chega o chefe do trem, que estupefato limita-se, penalizado, a olhá-lo. Guilhermina então vai ao toalete e logo a seguir retorna e, sorrindo, mostrando-se aliviada, tranqüiliza o “ex-moribundo”, dizendo:

– Você não se preocupe que não mais vai morrer, pois o que viu não é uma serpente peçonhenta e tão pouco foi mordido. Aquele animal exposto à privada não passa de um ascaride, ou seja, o que comumente o chamamos de solitária, mais conhecido como grande lombriga. Quanto à mordedura atribuída, deve-se à ardência momentânea dada à evacuação ao expelí-lo. Portanto, aconselho-o ir ao médico para evitar novos apavoramentos, pois ai sim poderá vir a morrer por um mau súbito!

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