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Opinião
04/02/2016 14h59

Antes tarde do que nunca!

José Luiz Ayres

Luiz de Oliveira, um velho amigo que há mais de quinze anos passou a residir à cidade de Valença – RJ, e que nossos contatos vinham baseados via internet, também é merecedor de citação em nossas crônicas quando aqui em São Lourenço veio pela primeira vez, depois de inúmeros convites resolveu “sair da toca” aceitando meu oferecimento, levado que foi após os remeter um DVD do Trem das Águas referente à sua viagem inaugural em 2000 e fotos inerentes as Marias Fumaça; 332, 327, que ao assisti-lo e curtir as fotos, segundo confessou, despertou a curiosidade e a vontade em conhecer ao vivo o que só conhecia por TV, nos jornais, sem que houvesse algum interesse até mesmo em viajar. Entretanto, no ano de 2007, fui surpreendido com sua presença.
Atendendo no seu desejo, à manhã seguinte lá estávamos nós à estação férrea. Após estacionar o carro, Luiz visivelmente emocionado, expressando pelo semblante notória admiração, estático a olhar o conjunto arquitetônico bem preservado emoldurado pela antiga e cuidada praça a retroagir no tempo por trazer lembranças de uma época em que as ferrovias foram os esteios fundamentais ao desenvolvimento às cidades, a proporcionar aos interioranos a dignidade e o respeito, virou-se a mim e proferiu: - Amigo José, nunca imaginei que diante do que vejo, pudesse ser tomado por tanta emoção e fascínio. Galgando os degraus da escada de acesso ao “hall” de entrada do prédio, maravilhado a olhar a tudo, atingimos a plataforma, onde os vagões ali posicionados eram submetidos à limpeza e higienização. Caminhando a olhar às minúcias expostas, descemos aos trilhos e fomos em direção do galpão em que duas locomotivas (Maria-Fumaça) passavam pela rotineira manutenção. Luiz ao se deparar com as belas relíquias, de olhar fixo às máquinas, com rápidas passadas a fazê-lo tropeçar pelo pedregal e dormentes, chega-se a elas e como uma criança ao ter seu presente, não medindo consequências a tocá-la e acariciá-la, teve suas mãos untadas do óleo que a envolve a deixá-la luzente. Subiu então os degraus no acesso a cabine e da janela me passou a câmera para que registrasse o momento. Assim deu-se, acreditem o seu 1° encontro real com uma Maria-Fumaça no alto dos seus 63 anos.
Na tarde de sábado, finalmente a viagem, com Luiz a assustar-se com a presença de centenas de pessoas à plataforma a dirigirem-se aos seus vagões e poltronas, enquanto junto a locomotiva fumegante a expelir os vapores, pessoas se aglomeravam a retratá-la em vários ângulos pelo espocar de câmeras sob “flash” os melhores momentos.
Acessando nosso vagão a sentarmos, Luiz como passageiro, literalmente de primeira viagem, aturdido no alarido total desenvolvido pelos irrequietos viajantes na euforia do passeio, quando se surpreende ao ouvir o sino da estação e a sequência ruidosa de apitos da Maria-Fumaça. Já de volta a São Lourenço, ao deixarmos o trem a caminhar pela plataforma em meio à massa alegre de turistas a extravasar eufórica por aquele momento, talvez incrédulo pelo que vivia, Luiz vira-se a mim e fala: - Que prazer e emoção você me proporciona! Por que não estive aqui antes? Muito obrigado e se Deus quiser, logo estarei aqui a viajar nessa Maria-Fumaça!
Antes de retornar a sua Valença, ainda desfrutou do passeio em Passa Quatro – MG, pelo Trem da Serra. Após aquela memorável visita, Luiz de Oliveira passou com frequência vir a São Lourenço, a ponto de alugar um apartamento onde divide, atualmente, seus momentos prazerosos com viagens a bordo do Trem das Águas, a dizer que seria para compensar o tempo perdido e o desperdício pelo desinteresse que possuía por nunca ter visto tal transporte a vapor nos seus 50 anos vivido no Rio de Janeiro.
Hoje, dividindo sua vida entre as duas cidades vêm aproveitando; como costuma dizer, seus momentos de “terceira idade” a desfrutar do que a vida o reservou.

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