Por José Luiz Ayres
Acabávamos de nos hospedar num hotel em Brusque, SC, quando um entrevero eclodiu vindo do corredor da piscina. Curioso, juntamente com o gerente que nos recepcionava, um senhor de sotaque germânico, nos dirigimos ao local.
No “deck”, onde algumas pessoas se encontravam, dois cidadãos se estapeavam entre insultos e palavrões. Um deles magro e alto, com uma câmera dependurada ao pescoço, tentava se explicar esquivando-se da agressão que seu “adversário” enfurecido, um gorducho calvo, lhe aplicava. Nisso por intervenção do gerente alemão e do salva-vidas, o furdunço foi contido e às duras penas conseguiram conter o gordo irado, que tentava ainda prosseguir com a agressão ao fotógrafo.
Acalmados os ânimos, dadas as explicações, soubemos do motivo que originou aquela bulha. O gorducho, um oriundi-italiano, possesso, disse num linguajar enrolado que aquele tarado havia fotografado “a bunda” da sua mulher, cuja foto reconhecera pelo traje de banho ao vê-la quando o sádico repassava as fotografias. Sentado à mesa.
O magro agredido, um argentino, que catava algumas fotos ao chão, interpelado pelo gerente a se explicar da leviandade, levantou e defendeu-se protegido à distância pelo salva-vidas, um português, do brabo italiano que esbravejava contido pelos garçons. Dando de inocente, contou que apenas praticava seu trabalho, ou seja; fotografar. E que no momento estava imbuído num projeto pessoal, onde o elemento principal eram os glúteos cuja graça, beleza e sensualidade não seriam o fator vital, mas sim a graça, a comicidade das enormes e exageradas protuberâncias bem acima da normalidade. Passou às mãos do gerente o envelope com as fotos, que se pôs a vê-las, e, à medida que apreciava a fisionomia do alemão séria, transformava-se numa só alegria.
Devolvendo o envelope, resumiu com a frase: - Marravilhosos! “Muita inteligente seu idéia “...
O carcamano a parte, contido pelos garçons e o português salva-vidas, indignado, revoltado vociferou: -- Seus tarados, ritorne a bunda di mio moller, pois ila é mio propriedade e solamente io posso desfrutare di su pio belle. ..
Conduzido pelo gerente, se afastou o argentino. Levado sob escolta, gesticulando e esbravejando inconformado lá se foi o italiano, contendores de uma “luta” internacional cujo mediador germânico, mostrando-se parcial, deu a vitória ao colecionador de “bundas” proeminentes.
Moral da história: Há gosto para tudo, desde deliciosas pêras e maçãs a melancias e jacas...
Ah!!! Esses “Turistas excêntricos” quando se excedem nas excentricidades alheios a ética e ao respeito, realmente nos oferecem momentos conflitantes, que sem dúvida muitas vezes se tornam bastante pitorescos, mesmo quando vêem de encontro aos princípios morais...