A gente quase nem percebe, mas as férias estão acabando e já é hora de pensar no carnaval, o evento mais sério deste país. Escolher as fantasias, organizar os blocos, ensaiar a dança, equipar a geladeira, tudo isso dá muito trabalho e não se pode deixar pra depois. Precavido, o pessoal de Cruzília dá um treino em Carrancas, faz preliminar em Aiuruoca e depois é que cai na folia, porque também ninguém é de ferro.
Como se sabe, no carnaval as coisas se invertem: o rico se veste de pobre, o pobre finge que é rico, algumas mulheres viram homem e vice-versa. É claro que não há muita criatividade nisso, pois o negócio acontece o ano inteiro, mas é engraçado ver um sóbrio ficar bêbado ou uma circunspecta senhora posar de ninfeta. No fim das contas, carnaval é época de soltar a franga, chutar o pau da barraca e repimpar a pagodeira, seja lá o que isso for.
Para este ano, as sugestões de fantasia são ricas e variadas. Uma boa opção é vestir-se de astrólogo maia, aquele que previu o fim do mundo e agora anda por aí, olhando para o céu e perguntando o que (não) aconteceu. Também vale se fantasiar de funcionário público que não votou no atual prefeito, mas há um problema: não pode entrar na festa, tem que observar tudo do lado de fora da grade.
Falando sério, o carnaval tem relação com os antigos cultos a Baco, o deus do vinho, que era chamado de Dioniso na Grécia. Para os católicos, tornou-se uma espécie de celebração livre antes da quaresma, o período de preparação para a Semana Santa. O nome provavelmente tem origem em “carne vale”, expressão que significa “adeus à carne”. Em outras palavras, durante o carnaval era permitido beber e comer à vontade, no bom e no mau sentido, pra depois encarar a penitência de quarenta dias.
No Brasil, o carnaval marca oficialmente o início do ano, com exceção da Bahia, onde a festa não começa nem termina, apenas continua. Aqui em Cruzília há o curioso “carnaval da Esquina Mineira”, onde muitos foliões de São Paulo dançam ao som de música baiana, descontraídos como cariocas. Um lembrete: sendo 2013 o “ano da serpente”, pelo horóscopo chinês, o que não deve faltar é cobra criada.