por Odilon de Mattos Filho, de Andrelândia/MG
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Já escrevemos nesse espaço sobre a histórica arrogância dos EUA e o seu obstinado desejo de serem os tutores do mundo. E nessa mesma ocasião comentamos as primeiras denuncias do ex-agente da CIA, Edward Snowden sobre os casos de espionagens praticados pelo governo estadunidense, inclusive, contra o Brasil.
Nesses últimos dias uma série de reportagens do programa “Fantástico”, revelou a profundidade dessas arapongagens, que chegou à criminosa e inaceitável violação dos e-mails da Presidenta Dilma Rousseff e da Petrobras, ou seja, um atentado à nossa soberania e a segurança nacional. A matéria trás ainda, informações de que além dessas espionagens a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, bisbilhotaram no Google provedor de e-mails e serviços de internet, a diplomacia francesa e a rede do Swift, cooperativa que reúne mais de dez mil bancos de 212 países que regula as transações financeiras internacionais por telecomunicações.
Portanto, estamos diante de uma grave intromissão e agressão à soberania de alguns países, inclusive, do Brasil, fato que se comprovado, far-se-á imperioso que os organismos internacionais cobrem explicações oficiais e tomem medidas duras contra essas criminosas arapongagens realizadas pelo governo estadunidense.
Mas malgrado todas as evidências, os EUA insistem com a lorota de que essas espionagens têm como únicos objetivos a segurança do seu país e o combate ao terrorismo. Fica evidente que esse argumento é falso, pois, qual o perigo, por exemplo, que a Petrobras trás para segurança dos EUA ou do mundo? Qual a ligação da Petrobras com o terrorismo? Verdadeiramente não podemos ter dúvidas: essas arapongagens têm objetivos puramente comerciais, estratégicos e políticos, e no caso da Petrobras isso é muito claro, pois em breve estará sendo lançado o edital para a licitação do Pré-sal do Campo de Libra, e é muito provável que essas espionagens objetivam obter informações privilegiadas para grupos petrolíferos dos EUA.
A proposito, o Editorial do “Jornal de Hoje” nos chama atenção para essa possibilidade, inclusive, afirmando que essas informações privilegiadas “...poderia tratar-se dos primeiros ensaios de uma tentativa americana para questionar os limites legais da plataforma marítima brasileira (de 200 milhas de largura), e assim poder lançar mão da exploração do petróleo nessa área (justamente onde se encontra o pré-sal). A reativação recente da Quarta Frota naval americana faria parte desse roteiro...”
Nesse mesmo sentido foi a Nota da Presidenta Dilma Rousseff, que, aliás, exigiu do próprio Presidente Obama uma explicação oficial sobre as denúncias. A resposta foi dada, porém, em tom de puro “enrolation”. Diz a Nota dos EUA: “...pretendemos continuar trabalhando junto com o Brasil em uma agenda comum de iniciativas bilaterais, regionais e globais...” Em outro trecho o governo dos EUA afirma que “...algumas reportagens recentes sobre o caso distorceram nossas atividades, mas que algumas delas levantam “questões legítimas para nossos amigos e aliados sobre como essas atividades são aplicadas”.
Realmente essas atitudes e a postura dos EUA mostram o sarcasmo chauvinista e a sua empáfia, demonstrando também, que para garantir e controlar certas riquezas naturais de outros países, como por exemplo, o petróleo, são capazes de tudo: mentir, dissimular, espionar, matar e tudo o que for necessário para alcançar seus objetivos, e os fatos pretéritos e presentes confirmam tal afirmativa.
Assim, e frente a essa inaceitável e criminosa espionagem, faz-se necessário que o Brasil denuncie e exija explicações oficiais, claras e sem subterfúgio dos EUA. Nesse mesmo sentido entendemos que cabe a outros organismos internacionais conceber um fórum global para discutir esse assunto e criar, com urgência, uma governança global para colocar um fim nessa histórica arrogância dos EUA, que há anos, vêm agindo sem limites mundo afora.