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Opinião
19/02/2019 08h11

Boinha se valeu de suas armas!

Por José Luiz Ayres

Por José Luiz Ayres

Norberto, um leitor que através do e-mail; natural de Lorena – SP, que após felicitar-me pelas crônicas as quais vem acompanhado já alguns anos, e por eu ser um inveterado agenciador de episódios pertinentes aos trens, se dispôs a narrar um fato acorrido à década de 50, quando tinha nos trens o meio de locomoção prioritário à execução de seu trabalho, pois fora um jovem e dinâmico caixeiro viajante representante de conceituada empresa multinacional pelo interior paulista na área farmacêutica.

Tendo na ocasião sua base à cidade de Campinas, tinha seu percurso ferroviário no acesso logístico, invariavelmente, a cidade de Jaguariúna. Esta localidade, segundo revelou, tornou-se a ele um referencial importante por lhe trazer boas e interessantes recordações, em que nossas crônicas as fazem reviver momentos sem dúvida deliciosos, inclusive trazendo uma narrativa inusitada a qual procura engrandecer o nosso amplo e “interminável” acervo, de episódios que marcaram uma fase lírica do passado.

Dizia ele, que em Jaguariúna sempre que chegava a estação férrea, não deixava de adquirir, de uma humilde e simplória mulher; conhecida como dona Boinha, que à plataforma oferecia aos passageiros desembarcados, ou às janelas dos vagões, suas guloseimas expostas em sua cesta, cuja prioridade era as broinhas de milho; o que de fato eram maravilhosas, a ponto de Norberto se desesperar quando não a encontrava a lamentar sua ausência, que muita das vezes ocasionada por outros afazeres, vez ser uma mulher que encarava qualquer tarefa doméstica como: lavadeira, passadeira, faxineira, roçadeira, cozinheira, enfim qualquer atividade mesmo em detrimento dos seus petiscos tão desejados e apreciados.

Numa oportunidade, D. Boinha teve sua ausência bem extensa, o que causou certa preocupação em Norberto. Afinal aquele sumiço incomum e prolongado o inquietava a levá-lo a crer em mal pressagio. Não se contendo, um dia resolveu descer à estação, mesmo a atrasar seu trabalho, pois outro trem só 4 horas depois. Foi então à direção do chefe da estação após liberação do comboio procedente de Campinas, por sinal que o conduzia e indagou do chefe sobre a ausência de Boinha. Virando-se a Norberto, passou a relatar sobre segredo o que havia ocorrido pelo desaparecimento da simplória mulher.

Um cidadão que deixara o trem foi ao seu encontro onde adquiriu algumas guloseimas e ficando a papear enquanto degustava seus quitutes, indagou sobre se conhecia alguém a servi-lo na limpeza de uma casa que alugara às cercanias da cidade. Boinha interessada se ofereceu ao serviço. Dando as indicações ao local, o homem já de meia idade, combinou o horário à manhã seguinte e na hora marcada, lá chegou munida dos seus apetrechos de faxina.

Com o tempo passando, Boinha se surpreende com o cidadão no quarto após chamá-la, em total nudez a tenta um assédio a segurá-la pelos braços a obrigar que o servisse nas suas vontades e vicissitudes. Tentando desvencilhar-se do desajustado, lutou com todas as forças no intuito de fugir, mas não obteve êxito e cedeu pelo medo aos caprichos e ataques bestiais do tarado. Só que o cretino não poderia imaginar no que ocorreu. Boinha no seu pavor, acoada a um canto, desesperada, presa a insanidade de um pústula, assim que ele se aproximou, abaixando-se a sua frente, segurou-lhe a genitália e com uma mordida, dilacerou a glande do órgão enrijecido. Fugindo desesperada do local, foi a D.P onde detalhou o ocorrido, que foi comprovado por policiais em diligência, achando o tarado caído na estrada todo ensanguentado e o levaram a Santa Casa onde foi internado em estado crítico.

Quanto ao resumo da história, Norberto não revelou. Apenas sabe que Boinha retornou a estação a oferecer suas deliciosas broas dois meses depois, a dizer que sua ausência foi motivada por ir visitar parentes em Bauru.

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