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Opinião
23/02/2017 15h08

Brasil, uma grande Bacchanalia

José Francisco

Atônitos o povo brasileiro está assistindo a pior fase de sua história republicana, parece que cortina de fumaça atingiu os sacrários dos Poderes da República para deixar os detentores do poder míopes e torna-los não mais servidores e sim algozes do povo aos quais deveriam respeito, obediência e serviço, a política nacional tornou-se uma festa dionisíaca, regada a devaneios e que ao final era feito um sacrifício de momo, assim também começou o que conhecemos hoje o que é o carnaval...    

Semanas após semanas enxurradas de lamas passam pelos corredores aveludados dos palácios sem que haja nenhuma manifestação ou posição institucional para estancar a sangria não só da corrupção, mas da especial falta de vergonha e do fino trato que a coisa pública merece uma guerra de confete e serpentina, cuja marchinha é: ele fez errado eu também vou fazer, e o povo que se dane para lá.

Enquanto a sociedade grita, bate panelas ou manifesta de inúmeras formas, em especial nas redes sociais, onde a guerra fria entre coxinhas e petralhas ou mortadelas (apelidos toscos para atitudes toscas são comuns desde que certas delações foram divulgadas) é o epilogo da desfragmentação da unidade nacional que se avizinha em um horizonte mais próximo do imaginado, as fontes do poder parecem agir em conluio para travesti as ilegalidades de legalidades e deturpar a ordem dos valores da sociedade. Ressalto aqui a decisão de indenizar os detentos pelo excesso de detentos nas cadeias públicas.

Concordo com a Suprema Corte que o sistema prisional brasileiro é um atestado de inoperância do Governo do Brasil, para ser poético comparo-o ao que Dante Alighieri viu quando passou pelo nono círculo em sua necessária “Divina Comédia”, mas considerar a hipótese de indenizar (sair dinheiro dos cofres públicos para o detentos)  não soa bem, não que os presos não mereçam, mas eles merecem antes um sistema prisional que cumpra a função social da pena, que é reeducar e socializar o que só será possível se o mesmo dinheiro que sai dos cofres for investido primeiramente na educação para os cidadãos desde a mais tenra idade, na saúde para todos, na cultura, no lazer que o Estado deveria proporcionar (sem os desvios da Lei Rouanet) e evidentemente na qualidade e na dignidade que as cadeias públicas e os presídios deveriam ter para trazer ao sadio convívio aqueles que cometeram delitos, sugiro aqui a leitura do celebre “Vigiar e punir” de Michael Foucault.

Será que o Estado passará a indenizar aqueles que não tem condições de ter saúde pela ineficiência do SUS? O Estado indenizará a grande maioria dos brasileiros que não tem saneamento básico? Indenizações pelas péssimas instalações das escolas e da educação nos rincões do Brasil? Indenizações teremos por vivermos em um país que somos roubados pelos detentores dos cargos políticos eletivos, comissionados e nas grandes empresas públicas? E minha rua quando não é capinada e eu preciso pagar por sua limpeza, o Estado seria obrigado a deixar um dinheirinho para mim por fazer o que ele deveria estar fazendo? Tantas indagações nesta república do faz de conta...

Encerro aqui, é véspera de carnaval, mas no Brasil carnaval não é só em fevereiro ou março, antes fosse, porque depois do reinado de Momo vem a quarta-feira de cinzas, quaresma, uns param de tomar umas e outras, penitência e outras tantas propostas de mudança de vida, conversão. O carnaval na vida política brasileira parece uma festa que  já dura mais de século, não conto aqui o período Imperial e Colonial, só considero o carnaval iniciado em 15 de novembro de 1889 e, que nos últimos anos,  com os governos polarizados dos coxinhas e dos mortadelas, evoluíram para um grande desfile muito diferente das Saturnálias quando Saturno foi expulso do Olimpo e chegava com a primavera para um período de liberação de convenções sociais, mas sim uma Bacchanalia na qual os políticos e as “autoridades” no seu delírio, cometem toda sorte de excesso selvagens, luxuriosos e desregrados às custas do povo brasileiro.

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