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Opinião
31/10/2013 17h33

Brasil República

José Francisco Mattos e Silva

por José Francisco Mattos e Silva

 

É estranho o fato de não comemorarmos a Proclamação da República, o dia 15 de novembro é apenas um feriadinho, menos expressivo que dias “santos” ou outros feriados nacionais. O dia da Proclamação da República passa despercebido para todos nós, brasileiros. Não há desfiles cívicos, não se fala em Pedro II, Marechal Deodoro, Benjamim Constant, Rui Barbosa. Neste dia, apenas, uma clássica partida de futebol: a seleção canarinho sempre tem um amistoso no dia da República, o dia das bruxas é mais celebrado do que o  15 de novembro.

Tive a oportunidade de  fazer a leitura da fantástica trilogia do escritor Laurentino Gomes, os livros “1808”, “1822”e “1889”, este último, principalmente, mostra com clareza impar como a história do nosso Brasil foi escrita. Recomendo a leitura da trilogia, a minha coleção esta disponível a quem quiser conhecer um pouco mais da história brasileira, só peço que devolvam meus livros. Após a leitura, considere a possibilidade de viajar pelos lugares, monumentos e conhecer as pessoas que fizeram nossa história visitando a cidade do Rio de Janeiro, passeando pelo Paço Imperial na Praça XV, visitar o Campo de Santana, passa pelo Palácio do Lavradio e a Quinta da Boa Vista, cuidado para não ser assaltado.  Se o objetivo é entender a história e contextualizar os últimos passos do Imperador, ouvir a tosse de Deodoro ou imaginar-se na Ilha Fiscal, no último baile do Império, a última valsa do Imperador, “1899” é um convite para conhecer um pouco de como começou a República Federativa do Brasil.

O que nos interessa agora é “1889”, a história do nascimento da República do Brasil. Laurentino Gomes deveria ser condecorado com a mais alta medalha da cultura nacional, sua obra é um presente para os amantes da história do Brasil, deveria ser livro obrigatório nas escolas, digo mais, todos os que pretendem entender os acontecimentos de hoje, deveriam saber como foi o ontem. Fica muito fácil entender o Brasil contemporâneo, a história da República que nascia na manhã do dia 15 de novembro de 1889, pondo fim a 67 anos de um Governo Imperial e que, ao contrário do que conta a história, não foi tão ruim.

Pedro II era um homem integro, culto, honesto, um visionário. Se não fosse ele, o Imperador do Brasil,  não teríamos os avanços no setor da comunicação mundial, foi ele, que entusiasmou a tecnologia de Graham Bell para que o telefone fosse utilizado séculos depois por todo o planeta. Dom Pedro II tinha como amigos Victor Hugo e muitos outros republicanos europeus. Viajado, amante das artes liberais, nosso Imperador foi o homem mais republicano da história, o governante que do Brasil levou apenas um travesseiro de terra, para que, no exílio, pudesse repousar, após sua morte, em terra brasileira. Cometeu erros, erros que custou-lhe a coroa, mas devemos muito a ele, sobretudo a integração nacional e a liberdade dos negros, consolidada no II Reinado pela Princesa Izabel, uma princesa carola, obediente ao Papa e casada com um nobre francês, fatos que animaram a mocidade militar, inspirada no pensamento positivista de Augusto Conte, a conspirar nas ruas do Rio de Janeiro, vale a pena também entender a questão militar, a questão religiosa e o contra golpe das elites contrárias a abolição da escravatura.

Marechal Deodoro, monarquista e amigo do Imperador, foi o pivô da conspiração republicana. Doente, acamado e acometido de uma grande dor de cotovelo, subiu em seu cavalo, dirigiu-se ao Chefe do Gabinete do Império, Barão de Ouro Preto, deu-lhe um ultimado, mas não proclamou a República, o novo regime foi proclamado às pressas, sobretudo por Benjamim Constant. Deodoro era um homem prudente, de alto valor e prestígio com as forças do Exercito, sem ele, os republicanos não teriam coragem de peitar Dom Pedro, este, por sua vez, ao saber da República, expressou seu sentimento de que há muito esperava pelo golpe. Deodoro conhecia Dom Pedro, eram dois grandes homens do Brasil.

O Império acabava, éramos uma República, até que enfim uma República. A República que o povo via nascer sem que o povo participasse de nada. Há relatos que naquele dia o povo estava bestializado, sem saber o que estava acontecendo. Enquanto desfilavam os republicanos vitoriosos vivas a Pedro II eram dados. Mudança na bandeira, mudança no hino nacional, ressuscitaram heróis republicanos como Tiradentes, mudaram os nomes das ruas do Rio. Deodoro tomou posse como Presidente da República e do Governo Provisório, depois dele Floriano, Prudente de Morais e assim fomos uma República, a República do Brasil, hoje governada pela Presidente  Dilma e que ao longo destes anos todos por homens da envergadura de JK, por eruditos e operário. Enfim, a República, onde o poder é de todos, é coisa (res) pública, pelo menos deveria, mas já no seu nascedouro...

A República do Brasil nasceu firmada na divisa do lema positivista “o amor como base, a ordem como meio e o progresso como fim”, pena que a República nasceu da apatia do povo brasileiro, se naquela época não sabiam o que se passava. Hoje herdamos o descaso pelos acontecimentos da história e da política, infelizmente somos um povo bestializado dos valores e da importância da política, vamos mesmo celebrar a República com uma partida de futebol, fazer o que é ? Nossa pátria e a da chuteira, pena que na maioria das vezes é o povo que leva o chute.

Não se esqueçam de ler a trilogia de Laurentino Gomes, vamos conhecer o passado para entender o presente.

E que viva a República do Brasil...

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