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Opinião
26/01/2012 11h16

Coluna - Janelas do tempo Rua Melo Viana (I)

Rua Melo Viana (I)

Ela foi parte importante em minha vida a partir de 1953, quando fui estudar no Santa Úrsula, até 1957, ao entrar no Grupo que tem o nome da rua. Anos depois, voltou a ter importância quando tive meu consultório pertinho das duas escolas. Passei 21 anos lá e, enquanto atendia, escutava o som dos alunos, nos recreios do CICM – antigo Santa Úrsula − ou treinando para algum desfile. Quantas gerações de alunos e franciscanas foram minhas vizinhas durante aquele tempo. Incalculável!  

 

Do Grupo Escolar Melo Viana, não ficaram lembranças traumáticas como de outras escolas. Foi onde fiz o quarto ano primário. Guardei o convite de formatura por 43 anos, até sucumbir na enchente. Tivemos como paraninfo Frei Osório. Foi ele também quem assinou meu diploma de Primeira Comunhão que hoje é guardado como recordação.  A assinatura do franciscano perpetuou sua passagem por minha vida, assim como um santinho, dado de presente no dia da formatura. Está escrito: ao menino-moço, FElipe, para  recordação de sua formatura-28-XI-57 e votos de Feliz Natal - Pe.Frei Osório. Pouco tempo depois, ele nos deixaria para nunca mais voltar.

 

Antes de sua morte, há uns nove anos, mandei-lhe um exemplar de meu primeiro livro. Desconhece-se o motivo pelo qual, passados mais de quarenta anos, jamais voltou à cidade cujos cinquentões e mais velhos, não se esqueceram dele.


No dia da formatura, papai estava plenamente feliz, pois seu filho conseguira, enfim passar em primeiro lugar. Isto era sempre exigido e nunca pedido ou sugerido. Jamais atingira a meta até então. Sempre ficava entre os primeiros. Quando ele soube que tinha conseguido realizar o seu sonho, correu para beijar-me. Gannam não podia se conformar em ser segundo, em nada (sic!). Ganhei um livro, Peter Pan, como prêmio da direção da escola, que há anos dei para que meu Filipinho guardasse.

 

Dona Diva tinha me prometido um prato de cocadas se conseguisse tal classificação e no dia seguinte ao da formatura, bati à sua porta, na Villa Nilza Eny, para fazer a devida cobrança. À tarde, fui buscar os doces na loja de seu esposo, Casa Dirceu, que ficava perto de minha casa.

 

Tive como professoras: Geny Ferrer, Diva Veiga, que também era diretora, e  Maria Helena Fonseca. De todas, guardo boas lembranças.  Parece-me que esta última viera naqueles dias para cá, com a família. Quando bagunçava muito nas aulas, ela costumava me chamar, apontando para a casa onde residia, dizendo:

 

− Filipe, você é tão bom, para de bagunçar a minha aula, tenha dó de mim, que vivo sozinha (!) naquela casa, vê se sossega um pouco...
(Continua)

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