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Opinião
16/02/2012 17h06

Coluna - Na Fumaça do Trem Waldoff e sua saudosa Jacada

Waldoff e sua saudosa Jacada

Recentemente, quando no Rio de Janeiro desfrutávamos do magnífico passeio turístico a uma das sete maravilhas do mundo, ou seja, o monumental Cristo Redentor, que há anos não visitávamos, principalmente após a conclusão das melhorias efetuadas à estação férrea do Cosme Velho, tive a oportunidade de conhecer um casal, procedente de Urus Sanga (SC), o que ali estava no intuito de reviver e recordar os belos momentos quando 35 anos atrás, pela primeira vez, esteve na ocasião de sua lua-de-mel e que hoje retornava visando não só vir relembrar à memória, mas sentir e deslumbre e a magnitude do imponente monumento que nos trás e nos envolve misticamente, e ficamos a prosear enquanto aguardávamos à partida do trem.

 

Entre as recordações e lembranças, claro que muitas foram esquecidas dada à transformação do local ao longo do período de ausência, uma, entretanto, permanece bem viva à mente, tal a jocosidade representada, a qual os deixou na ocasião constrangidos pelo que proporcionou àqueles que as presenciaram.

 

Contou se Waldoff, que após a partida do trem e à medida que lentamente começava a se deslocar na forte e íngreme subida de que de momento o assustou, ao olhar a densa vegetação e vez por outra como uma clareira aberta, via-se o precipício, de posse da sua Rolly-Flex, resolveu fotografar os melhores ângulos, notadamente quando a mata se abria dando lugar a inebriante paisagem a descortinar-se ao fundo o imenso oceano e as alturas parcialmente encoberto por nuvens o monumento do Cristo ao topo do Corcovado abençoando a cidade.

 

Extasiado diante de tamanha beleza e tomado pela empolgação em compartilhar de uma visão que só conhecia por fotos, cinema e TV, de pé, junto à janela, pondo parcialmente parte do corpo para fora, se pôs a registrar o momento em êxtase total.

 

Nisso, ao ver aquela atitude intempestiva, o moço de bordo se chega a fim de alertá-lo quanto ao ato, pois dada à proximidade das árvores havia risco de acidente. Quando no exato instante Waldoff é atingido por parte de uma jaca que provavelmente devia estar sendo comida por tucanos. Felizmente não foi uma fruta inteira!

 

Ao ser atingido no rosto, o tal pedaço se esborrachou espalhando jaca por todo lado, inclusive com o impacto maior sobre a câmera, que em conseqüência o feriu no nariz a jogá-la sobre peito, pois se mantinha presa a alça enleada ao pescoço no que evitou lançá-la fora do trem.

 

Com o choque, um tanto zonzo e confuso, segurando-se à janela, ajudado pela mulher e o moço de bordo, sentou e pôs-se a limpar o rosto, a camisa, a máquina e sentir o ferimento sangrando sobre o cavalete do nariz.

 

Sua roupa ainda tomada por bagos de jaca, que eram retirados pela mulher que mesmo ainda assustada, entre risos, o ajudava se recompor do ”azarado” momento, observa que a indumentária mais parecia um pano de chão pela quantidade de resíduos e nódoas deixados pela fruta. Premendo o ferimento com o lenço no intuito de estancar o sangramento, Wadolff se ergueu e voltou a fotografar.

 

Só que agora sem empolgação, segundo revelou, a fim de tentar esconder o vexame que havia, dada a vergonha, em ter sido por instantes o “ponto turístico” mais visualizado pelos passageiros do vagão.

 

Hoje seu Waldoff, as gargalhadas, recordava-se do mico que pagou, a contar que aquelas fotos registradas, sem falsa modéstia, ficaram maravilhosas antes da jaca. Mas as posteriores são apenas o registro de uma “jacada”, pois desfocadas, tortas e ruins marcaram o que representou uma inadvertida e inconseqüente atitude infantil, empolgado diante da beleza que é o caminho férreo do Corcovado, onde em pleno meio urbano podemos desfrutar de uma natureza sem procedentes com panoramas impossíveis de se acreditar, tal o indescritível visual.

 

– Vamos, nosso trem nos espera!

 

Virando-se a ele, respondi com humor: – Ainda bem que os vagões são dotados de refrigeração e as janelas são constituídas de vidros panorâmicos afixados à carroceria; portanto não abrem.

 

Como as jaqueiras mantêm-se ao longo do percurso e bem como à abundância das aves presente, não ocorrerá riscos de uma nova “jacada”!

 

E assim, mesmo o trem não tendo fumaça, conseguimos mais uma história, em cuja “fumaça” surgiu pela “cabeça fervente” de seu Wadolff após dolorida jacada no inesquecível caminho férreo do Corcovado, que por interseção do Cristo Redentor fez a jaca em pedaços.

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