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Opinião
24/01/2011 14h18

Cuidado com elas!!! por José Luiz Ayres

Cuidado com elas!!! por José Luiz Ayres

José Luiz Ayres


Procedentes de Itajubá, lá estavam meu pai Luiz e o colega Herman – o austríaco dos móveis – quando o trem em que viajavam foi obrigado a uma parada mais longa na cidade de Maria da Fé (MG), provocada pela passagem de um cargueiro. Com isso os passageiros, embora fosse rápida, puderam saltar a desfrutar de café e outros petiscos à plataforma da estação, no que Luiz se aproveitou, deixando Herman ao vagão.


Enquanto saboreava o café, acompanhado de gostoso bolo de milho, de repente um corre-corre se fez presente, onde gritos ecoavam pela estação com as pessoas se atropelando a gesticularem os braços, mãos a sacudirem as cabeças desalinhando os seus cabelos, a tornar a cena grotesca numa verdadeira ópera “bulfa”. Assustando-se, Luiz sem nada entender, vê Herman em disparada passar por ele e dizer:


– Corra Luiz, são abelhas!


Largando tudo ao balcão, corre e se açoita na maria-fumaça 225 como forma de livrar-se do enxame, em cujo calor e a fumaça espantaria os insetos enfurecidos. De fato deu certo, e ali permaneceu até que o tal cargueiro aportou. Só que dada a confusão, tornou-se impossível fazer o expresso partir e foi dado um tempo à partida.


Normalizada a situação com o enxame banido do local e muitas ferroadas doloridas nos passageiros, na grande maioria, e com o comboio pronto para partir, Luiz se assusta pela ausência de Herman e, ao olhar à janela o vê apressado acenando pelos trilhos. Estenuado, trôpego e bufando entra ao vagão jogando-se à poltrona a queixar-se das várias ferroadas sofridas, onde as orelhas vermelhas e inchadas mostravam o drama vivido e, ainda sem fôlego, narra como tudo aconteceu.


Aproveitando a parada, resolveu abrir o embrulho onde haviam dois potes de geléia real que comprara em Itajubá num apiário e dirigiu-se à varanda do vagão a degustá-la acompanhado de bolachas. Sem dar pela coisa, enquanto saboreava, notou algumas abelhas voando em sua volta, as quais espantava. Porém, em dado momento, ao olhar o pote apoiado ao balaustre nota que uma enorme quantidade de abelhas se fartavam. Ao tentar apanhá-lo, vários insetos o atacaram e o pote lhe cai da mão exalando o forte aroma de geléia real. Foi quando assustado, deixou o local pela presença de uma nuvem escura, que feroz passou atacar todo mundo, não só no vagão como à plataforma. Até um cachorro que ali se encontrava tranqüilo, saiu ganindo em disparada. Tornando-se o ataque em grande proporções houve então a confusão geral, com o tradicional: “salve-se quem puder” e ferroadas em profusão, o que lamentou Herman. Afinal não conhecia essa defesa desses insetos em favor de uma rainha.


Sem saber se ria ou lamentava, Luiz indagou do azarado austríaco pelo segundo pote. Olhando ao bagageiro, falou:


– Que pena! Fui obrigado a jogá-lo na linha férrea na fuga. Aliás, foi o que me valeu! Vez que aquele “batalhão” de abelhas foi na direção da geléia, ufa!!!

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