Falar em novos investimentos nas empresas, nestes dias ainda de muita incerteza política e macro econômica, é quase que proibido. O dinheiro mal dá, chame isso de EBITD ou fluxo de caixa ou o que for, para pagar as despesas correntes. Mas, quando pensamos em investimentos, vem à cabeça o investimento em bens físicos: máquinas, equipamentos, instalações, empréstimos a longo prazo.
Mas, quanto maior a crise, maior a necessidade de se adaptar a ela. E para isso é preciso sim investir.
O primeiro e mais importante investimento nesta hora é em pessoas que devem compreender bem o quêestá acontecendo e porqueestá acontecendo. Na verdade,é preciso reduzir a distância entre as chefias e os funcionários, aumentar odiálogo e formar mais e mais a equipe, um timeforte, para atravessar a crise. E além dessa parte, há necessidade de treinamento do pessoal para essas mudanças. Em resumo, estamos em crise, mas somos capazes não só de sobreviver, mas até de progredir. Os empresários podem se surpreender de quanto conhecimento e quantas boas soluções existem entre seus funcionários que não tinham acesso aos chefes para expor ideias.
Nessa linha de investimento necessário e custo aceitável, é fundamental que o próprio empresário ou o gerente se prepare para mudanças . O peixe fede na cabeça. Se a cabeça da organização não funciona bem, se entre os sócios existem divergências, se a família que dirige a empresa se desentende, não se pode esperar dos funcionários que eles produzam bem.
Outra área a considerar é a de exame da eficiência de tudo o que se paga. Não se trata de despesas só, mas de pagamentos como impostos, contratações como de telefonia, energia e similares. Faça uma auditoria onde você pode reduzir custos, aumentando a eficácia da empresa. Taxas bancárias, por exemplo. Agora a luta é por tostão, porque economizando os tostões você pode economizar milhões. Engajar funcionários e até premiar suas idéias, dando participando dos lucros da economia, é um método com certeza eficaz.
Há mais dois segmentos importantes nessa linha de raciocínio. Seus fornecedores também sofrem com a queda de seus negócios. Pergunte o que eles podem fazer em uma parceria para melhorar a situação. Novos materiais, novos desenhos, embalagem mais convenientes, fretes e logística mais racional.
E last but not the least: os clientes. Não só maior atenção, mas maior dialogo, construindo parceria. Sair de uma relação de animosidade, em que cada um quer tirar o máximo de outro, mas criar parceria de ganha-ganha.
Muitas ações você pode fazer sozinho, mas para outras precisa de ajuda externa, competente. Veja bem quem você escolheu para lhe ajudar, para que a situaçãonão piore ao invés de melhorar.
*Stefan Salej - Consultor internacional - Ex Presidente do SEBRAE e da FIEMG Federação das Indústrias de Minas Gerais