Por Ricardo Vieira*
O Plano Diretor elaborado em 2008 (Governo Tenório) aponta que a vida do município está intimamente relacionada com o turismo natural, o turismo saúde e que as virtudes e a paisagem desta estância hidromineral indicam uma boa qualidade de vida.
Esse Plano Diretor foi baseado no Plano Diretor de 1983, cujas preocupações estavam voltadas para o crescimento desorganizado da cidade, como hoje é notória, como a muralha de prédios em frente ao parque das águas, os loteamentos em áreas inundáveis, perdas históricas, desleixo dos potenciais turísticos ecológicos, etc. Esse Plano Diretor feito em 1983 só foi aprovado em 1993 pela Câmara de Vereadores, portanto a cidade de São Lourenço ficou dez anos praticamente sem um rumo definido para sua organização. E hoje estamos vivenciando um vertiginoso crescimento desorganizado, ocupação de várzeas, áreas verdes, beira de rios e córregos, loteamento em morros desrespeitando a lei da declividade e aterros em corpos de água, o que comprometeu a nossa morfologia e paisagem.
O Plano Diretor formulado em 2008, pelo Grupo de Trabalho do Plano Diretor (GTPD), depois de várias reuniões e de laboriosos trabalhos de levantamento de dados, informações e análises, disponibilizou em algumas audiências públicas as preposições que devem ser discutidas para estimular a reflexão sobre os diversos temas que apontam aspectos de relevante interesse para o nosso município:
- a sobrevivência sócia econômica do município está intimamente relacionada ao aproveitamento dos seus recursos naturais, as águas superficiais e subterrâneas, o clima, a paisagem, o paisagismo urbano, os potenciais ecológicos etc.;
- a sustentabilidade de nosso município dependerá da capacidade de preservar os recursos naturais e em saber explorá-lo;
- a preservação dos aquíferos com o controle das ocupações nas áreas de mananciais;
- a recuperação das margens do Rio Verde e seus afluentes;
- a recomposição vegetal e implantação de projetos para a valorização da paisagem urbana e seu entorno;
- a implantação da usina de tratamento de resíduos sólidos (lixão) com uma indústria de coleta seletiva, triagem compostagem e incineração. O adubo fornecido pela compostagem será aproveitado para a Horta comunitária, já idealizada e esperando ser implantada em nossas áreas verdes;
- manter o atual perímetro urbano e conceber novas leis de parcelamento, uso e ocupação do solo, tendo como eixo principal a questão ambiental.
- a revitalização da “Casa da Cultura”, (fazenda Sharp) que é um grande potencial turístico ecológico e cultural, que infelizmente não a valorizam como tal e estão fazendo de tudo para que esse maravilhoso lugar seja desativado e esquecido pela memória de São Lourenço.
Dividiu-se a nossa cidade em dois setores: um destinado ao turismo, com concentrações de hotéis e o comercio mais especializado no atendimento do setor turístico definido como o centro-norte e para o sul da cidade, o segundo setor comercial e atacadista. No setor turístico a realização dos verdadeiros projetos de desenvolvimento turístico sustentável, que são o projeto da “trilha ecológica”, o projeto “jardim ecológico”, projeto “Bosque Municipal”, projeto “Montanha Sagrada”, como um turismo ímpar na região” (turismo esotérico cultural e ecológico), “Projeto Brasilam” (centro cultural holístico), projeto “Bosque Alkishima” que se localiza no aeroporto. Projetos que promovem a nossa sustentabilidade turístico sócio econômico, mas que infelizmente, ainda não foram compreendidos e nem aprovados pela câmara municipal.
Temos que dar prosseguimento a esse Plano Diretor de 2008 e não fazer outro, pois este é um Plano Diretor de grande fôlego e que nos custou mais de $80.000,00 reais. Esperamos que a simples “revisão” desse plano, não onere o município ou mesmo o nosso cofre público. Queremos que nosso dinheiro seja bem empregado, não com demagogias, mas com sabedoria.
*Ricardo Vieira, Gestor (Tecnólogo) ambiental, ex-Membro Fundador do CODEMA, integrante do GTPD de 2008