Não há dúvidas de que as eleições de 2012 podem refletir na sucessão presidencial. Assim, e frente aos resultados dessas eleições, somos incitados a realizar uma análise dos números e tentar projetá-los para as eleições de 2014.
A eleição de 2012, assim como as demais, trouxe, mais uma vez, componentes externos objetivando influir no pleito. Foram factoídes criados pela mídia, baixarias de todos os gêneros, e até mesmo o Poder Judiciário por meio de sua mais Alta Corte tentou influir nas eleições, coincidindo o julgamento da Ação Penal nº 470 com as eleições. E todo esse esforço teve um único objetivo: frear o crescimento dos Partidos da base do Governo, em especial o Partido dos Trabalhadores e o seu grande líder, o ex-presidente Lula. Porém, e considerando os resultados das eleições, chegamos à conclusão de que toda essa diligência não logrou êxito, ao contrário, os números mostram uma fragorosa derrota das forças conservadoras.
Se considerarmos as votações obtidas pelos três principais Partidos da base do Governo (PT, PMDB, PSB) podemos afirmar que a Presidenta Dilma se torna mais favorita ainda para eleições de 2014. Vejamos os números: o PT governará 37,14 milhões de brasileiros, o PMDB 30,67 milhões e PSB 20,90, somando esses números a base aliada governará após, 2013, 88,71 milhões de brasileiros, enquanto os três principais Partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) governarão 37,87 milhões.
Evidente que esses números, por si só, não definirão as eleições de 2014, pois, é sabido que há um intricado jogo político de agora para frente, principalmente, envolvendo o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos e o seu Partido o PSB, que dentre as demais agremiações, foi o que teve o melhor desempenho nessas eleições. Mas considerando suas entrevistas, há um forte sinal de que ele e seu Partido pretendem continuar apoiando o Governo e a Presidenta Dilma. Porém, não descartamos a possibilidade do Governador tentar um vôo solo, especialmente, se obtiver o apoio dos “Tucanos”, que com a derrota em São Paulo e com o baixo desempenho obtido nas eleições, encontrará grandes dificuldades para bancar um nome próprio para derrotar a Presidenta Dilma em 2014.
Mas malgrado os números favorecerem amplamente o Governo e confirmar a grande liderança do ex-presidente Lula, a “mídia nativa” vem fazendo um grande e inútil contorcionismo para minimizar esses resultados, em especial, para justificar a derrota dos “Tucanos” em São Paulo e em outras importantes cidades. A última tentativa foi creditar essas derrotas ao alto número de abstenção. Aliás, essa justificativa está sendo utilizada para reiniciar a discussão sobre o voto facultativo, que a priori pode beneficiar os Partidos conservadores.
A propósito, desmontando a tese da alta abstenção, Paulo Moreira Leite, citando o jornalista Roldão Arruda, escreveu:...”em cidades onde o cadastro eleitoral não é atualizado, a contabilidade das ausências produz números maiores. Uma consulta a votação nas capitais mostra isso. Em cidades como São Paulo e São Luiz, onde o cadastro não é atualizado há mais de 20 anos, a abstenção bateu em 20% entre os paulistanos e chegou a 22% entre os moradores da capital do Maranhão. Já em Curitiba, onde o cadastro foi feito há um ano, a abstenção fica em 10%”.
Já em relação ao voto facultativo defendido pela elite conservadora, nada mais é do que uma desesperada tentativa de criar mecanismos para favorecê-los, pois, grosso modo, isso estaria muito próximo ao voto censitário, adotado em 1824, no qual apenas os nobres, burocratas e comerciantes ricos votavam.
Aliás, um bom exemplo da fragilidade desse voto vem dos EUA. Segundo o Filósofo Henrique César Abreu, lá “...votam as pessoas que costumam dar maioria aos partidos dominantes, aos grupos mais informados, mais organizados, elegendo-se o presidente do país por uma minoria de norte-americanos. Costumam não votar, justamente os que mais precisam lutar por seus direitos, como os marginalizados, os negros os latino americanos, a população dita mais empobrecida”. E é exatamente o que pretende a elite conservadora do Brasil com o voto facultativo.
De resto, a corrida para a sucessão Presidencial já começou, e pelos números acima mostrados a reeleição da Presidenta Dilma é dada como certa. No entanto, um importante fato poderá complicar essa assertiva: a remota, mas possível, aliança entre os socialistas do Governador Eduardo Campos e os sociais-democratas de FHC. É esperar para ver!
Por Odilon de Mattos Filho