por José Luiz Ayres
Na cidade de São Francisco de Paulo, localidade situada nas Serras Gaúchas, em certa ocasião quando estávamos hospedados num Hotel Fazenda, um episódio nos marcou entre tantos momentos prazerosos da nossa passagem por aquelas belíssimas plagas.
Determinada manhã, um cidadão chegou-se a administração do hotel, com ares arrogantes, prepotentes e de forma autoritária, reclamando ao gerente que não estava mais suportando o mau cheiro procedente do curral, que impregnava o ambiente do seu aposento e solicitava providências urgentes na limpeza do estábulo, pois a higiene é fundamental para um estabelecimento comercial, onde o bem estar dos hóspedes é fator preponderante.
O gerente um tanto aturdido pela reclamação, afinal fora a primeira vez que tal coisa ocorria, tentando justificar-se lhe informou que o curral distava bem longe do hotel e que talvez fosse a direção do vento que trouxera obviamente o cheiro. Mas que mesmo assim iria verificar o motivo, embora o local fosse cercado de todo aparato no que concerne a limpeza permanente.
Pela manhã do dia seguinte, novamente o cidadão estava a reclamar, só que com mais veemência. O gerente sem ter como resolver o problema, mesmo procurando amainar o clima, tentou apelar para o lado poético a justificar que o odor não era tão desagradável assim, pois fazia parte do cotidiano de qualquer fazenda. Todavia propôs-se a trocar de quarto para o lado oposto do prédio, o que foi imediato aceito pelo cidadão.
Deixando a chave para efetuarem a troca, sem demora o gerente acionou dois camareiros que foram deslocados para a execução da tarefa.
Ao adentrarem no aposento e verificarem o mesmo, um dos empregados saiu e foi solicitar a presença do gerente que o atendeu de pronto. O motivo era que o quarto apresentava-se complicado. A desordem imperava totalmente. Roupas dependuradas pelo banheiro, tênis e meias sujas e fétidas pelos cantos, mala aberta e revirada, enfim a zorra predominava. Como não bastasse, sob a cama havia jornais, papéis, pontas de cigarro, cinza, miolos de maçãs comidas entre outros não identificados. No banheiro a urina permanecia no interior do vaso com vestígios de respingos, pela tábua e adjacências, sem que a descarga fosse acionada e, o mais crítico havia resíduos de fezes no assento e papéis servidos fora dos depósitos de lixo. Como se podia ver e sentir, o cidadão “defensor da higiene” não era adepto da mesma e portava-se talvez até pior que seus “primos irracionais” no estábulo.
Moral da história: Qualquer atitude que se venha solicitar ou tomar em razão do nosso bem estar, sempre devemos nos observar para ver se procede o nosso intento e se seremos dignos de exigir tal procedimento...
Ah...esses “Turistas Preponderantes” e exigentes pela higiene, quando flagrados nas suas intimidades, são de fato vexaminosos e porque não... porcalhadamente bem pitorescos...