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Opinião
07/07/2016 17h11

Expressões mineiras

Por Anderson Santos*


Não porque sou mineiro, mas Minas é sensacional. É um estado diferenciado, principalmente na linguagem usada pelo povo. Talvez por influência direta da colonização e das vicissitudes nesta terra bem aventurada, o povo mineiro possui expressões bem regionalizadas que em um raio de poucos quilômetros podem ser totalmente alteradas.

No sul de Minas fala-se um “caipiresco” moderado, porque o legítimo caipira é do interior de São Paulo (lado oeste). Na Zona da Mata é um caipira que tenta imitar o carioca. Daí soa realmente estranho. No Vale do Jequitinhonha o sotaque já vai para o lado capixaba. No norte de Minas o “mineirês abaianado” é o que há. No triângulo mineiro existe o caipira goiano. Na região metropolitana central usam o “R” do carioca junto do caipira paulista. Este é o mais esquisito e para muitos é o mais o chato de se ouvir.

Bom, citações á parte. Agora é hora de mostrar algumas expressões curiosas que conheço do sul de Minas, pois é daqui que escrevo esta pequena crônica.

Sempre que o mineiro espontaneamente exclama rejeitando alguma coisa ele diz: Vorta! (o mais comumente usado). E dependendo da cidade você ouve: ôua, cavuco, fuço, pralá, sartei no gabirobá, vuei na braquiária, casquiti, ranquei, cumi chará, vápu, sartei de banda!. Na realidade tudo isso no passado era representado pela expressão: “Aqui não violão!”.

Quando há uma dúvida no ar ele diz: Meia quarta! Seizada, truco! Já nos casos quando se esconde algo, é dito: Moitei ou camufrei. E quando há denotação de grandeza ele fala assim: Grande pá raio, demais da conta, pá rebentá, servido!

Se um menino é sapeca ele é então um menino danado, selerepe, tentado. Se é pequeno ele é cascudim ou pititim. Se alguém rouba é dito que “passaram o dedão” ou “farfaram”. Se for para tomar postura o pai diz para o filho “aprumá” ou “dá uma arribada”.

Observando mais um “cadiquim” (pouquinho), vemos que se alguém no trabalho é lento os outros chamam de “nó cego”, “oreia seca”, “murcego” e “mocorongo”. Se alguém quer mostrar alguma coisa ele fala: óia só, dá uma fragada, bate um bizú (termo este adotado pelo gueto).

E se o mineiro considera alguma coisa muito boa, o que e diz? Resposta: ô trêm bão sô! Belezura! Laranja do meu kisuco! E uma coisa quando é melhor que a outra? Resposta: Mió, mai bão, mió de bão!
Se um dia você for a Minas fique tranquilo nos cumprimentos, pois é natural ouvir: Mé que vai? (Como você está?), Tu jóia? (Tudo bem?) Tu certim? (Tudo certo?). Mas se você saudar primeiro você poderá ouvir um bão! Ôoop! E até mesmo receber um aceno com a cabeça.

Mesmo com tantas expressões uns entendem os outros e acaba tudo bem. Por falar nisso decho saí di finim...

*Anderson Santos - Educador, palestrante, escritor, formado em Filosofia, Meio Ambiente e Teologia. Varginha (MG) E-mail: adalcin026@gmail.com

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