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Opinião
26/09/2013 11h19

Fatos marcantes na querida cidade (parte III)

Filipe Gannam sua extraordinária história.

por Filipe Gannam


3-Quinta-feira, 26 de janeiro de 1956. Era de tarde, talvez lá pelas quatro horas. Estava na loja com papai. Em frente havia quatro casinhas iguais que em alguma época pertenceram aos proprietários do Hotel Metrópole. Hoje tudo isso e mais alguma coisa é a parte da Wenceslau onde se ergue o Edifício Bavária. Na casa exatamente em frente vivia a fotógrafa Maria Douat com suas netas, Aracy e Maria. De repente, avistei essa última apavorada gritando e apontando para baixo, em direção ao Parque. Ela correu para rua e nós todos também, assim como vários vizinhos e pessoas que passavam por ali. Papai gritou: ― pegando fogo no cassino!  O cassino em questão não era mais cassino há cerca de dez anos, mas ficara com o nome.  Era o antigo prédio do Cassino Brasil ou cassininho, como era conhecido. Então, havia uma escada larga onde se subia para várias lojas, tudo em estilo muito antigo. Exatamente onde hoje está a Galeria Silvio Brussi.  Boa parte da população da cidade passou horas ali assistindo aos voluntários ― entre tantos, estava eu ― tentarem apagar as chamas. Corpo de Bombeiros, então, nem pensar. Os heróis daquela tragédia arrumaram um jeito de sugar a água do Ribeirão São Lourenço, que, felizmente, estava cheio pelas tradicionais chuvas de janeiro.  O que mais queriam não era bem tentar apagar aquele fogo, mas impedir que as chamas atingissem o Hotel Metrópole. E conseguiram. O que ocasionou o incêndio foi que um mendigo morava embaixo do prédio, não era um porão, mas forçando o termo era como se ele houvesse sido construído sob pilotis. Ninguém se importava, mas ele costumava aquecer sua comida num fogareiro a álcool. O prédio tinha muita madeira e era de construção antiga. Então... 

4-Chegara o dia 31 de dezembro de 1957. A cidade já se preparava para as festas de passagem de mais um ano. Eu tinha dez anos e estudara naquele ano no Grupo Escolar Melo Viana. Nossa casa na Wenceslau Brás tinha, então, dois quartos no andar de cima que haviam sido retirados da casa de minha avó paterna que morava no mesmo prédio com minha tia, Suraia. Havia uma escada interna, de madeira feita pelo saudoso espanhol, Francisco, amigo de meu pai. Subi para pegar uma camisa na gaveta do meu camiseiro. Era mais ou menos meio-dia. Ao me abaixar, ouvi estrondos violentos que jamais ouvira. Parecia um tiro de canhão ou vários deles ao mesmo tempo.  Corri para a sacada.  Como havia pouquíssimos prédios dava para se enxergar muito mais coisa. Então, divisei ao longe nuvem de fumaça imensa. A cidade ficou em polvorosa. Notícias demoravam a chegar. Havia opiniões desencontradas. Uns falavam que era a Vidraria que havia explodido. Outros, que era a Fábrica de Fogos São Lourenço, de Henrique Cafasso & Irmão. Passado algum tempo, o telefone tocou e era minha avó, contando que fora a última e que se situava perto da Vidraria, que não sofreu nada. Houve mortos e feridos. Tenho recorte com o fato, do extinto O Jornal, do Rio de Janeiro. Mas pelo que conversei anos atrás com algumas pessoas mais velhas, aquela notícia não retratou exatamente o que houve, especialmente em relação ao número de vítimas. Certamente foi o mais triste Réveillon que a cidade viveu.

5-Outra data festiva que acabou por ser de luto, foi o feriado municipal de 1º.de abril de 1959. Um avião de pequeno porte que levava Toninho Poli e o Sargento Oliveira, instrutor do Tiro de Guerra e meu professor de Ginástica no Ginásio São Lourenço caiu nas proximidades da Casa de Maria. Os dois ocupantes morreram. O velório do sargento foi na sede do Tiro de Guerra, então localizado na Rua Coronel José Justino, proximidades da esquina com a Melo Viana. Estive presente e fiquei muito impressionado, pois o militar tinha ferimentos na face.  Dias antes, o Toninho fora à loja de meu pai, tratar de algum negócio e vestia orgulhoso sua farda de militar.

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