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Opinião
11/01/2011 10h22

Isto não é um cachimbo

Isto não é um cachimbo

As reclamações não cabem no papel como a mesquinhez de alguns não cabe no próprio corpo. As leis magníficas que tributam até pensamento não cabem na ira, assim como o medo do grito transcende a voz.

A indignação do lixo produzido pelo rico ser mais caro do que o lixo produzido pelo pobre não cabe no nosso entendimento, da mesma forma que a alma não cabe do ser.

Lucratividade acima de tudo. Liberdade e dignidade, utopias de um passado distante e de um futuro para além da vida.

Tributam e retributam, taxas e mais taxas, pagamos aluguel para morar em um país. E ainda dizem que esse é o nosso país! Se é nosso porque sempre devemos e nunca temos lucros? Temos uma fábrica que está crescendo, mas estamos no vermelho. Nexo não tem, como tudo neste país.

Chamam de nação, todavia o que temos de nação? Até a nossa língua apresenta variações de região para região. Dizem que somos os mais felizes, mas não há felicidade com fome, nem com sede, tão pouco com insegurança.

Não vivemos em uma democracia: voto é obrigatório e a liberdade de expressão é limitada.

Não temos igualdade: padecemos em ônibus lotados, enquanto alguns andam de carro; morremos na fila do SUS, enquanto quem tem plano de saúde é atendido.
Não temos educação de qualidade, mas temos Prouni. Não temos dinheiro, entretanto temos Bolsa Família.

Não somos, mas temos. E como ter é mais rentável que ser, somos!

Não praticamos o que pregamos, e revogamos o que pregamos. Ateus crentes de uma ideologia questionável e violada pelos próprios.

A liberdade não cabe na urna, como a democracia não cabe no voto.

O desenvolvimento não é vermelho, assim como a ditadura não é azul.

Os tributos não cabem no bolso, da mesma forma que a mediocridade e a ignorância não cabem na mente de quem os fez.

O lixo não cabe no Congresso nem na câmara, como o sangue do corpo não cabe no coração.

Digo que isto não é um manifesto contra fato algum, assim como Michel Foucault disse “isto não é um cachimbo”.

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