Há pouco tempo escrevemos um texto cujo conteúdo foi a implacável e sistemática perseguição que Lula vem sofrendo desde 1989, por parte da “mídia nativa”.
Naquela ocasião discorremos sobre matéria publicada na revista “Veja”, na qual Lula era acusado, sem provas, de chefiar a “quadrilha do mensalão”. Aliás, essa matéria já foi devidamente desconstruída pelo próprio Ministério Público.
Mas passados alguns meses da citada reportagem, volta à cena a odiosidade da velha “mídia” contra o ex-presidente Lula. Desta vez as ilações e factoides saíram da Operação “Porto Seguro”. Essa investigação da Polícia Federal culminou na prisão e indiciamento de Rosemary de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, e de outros servidores públicos, por suposto tráfego de influência e outros crimes.
A servidora Rosemary foi nomeada durante o governo do ex-presidente Lula e permaneceu no cargo até ser exonerada pela Presidenta Dilma, após tomar conhecimento das investigações.
Logo após o desfecho dessa operação a mídia tirou suas próprias conclusões, e por meio de ilações noticiou que Rosemary fazia parte de um “esquema” montado pelo ex-presidente Lula durante o seu governo.
A oposição, por sua vez, desarticulada e necessitando de crises para enfraquecer o Governo Dilma e tirar Lula do páreo, não perdeu tempo e começou seu ataque contra o ex-presidente Lula e a Presidenta Dilma. O primeiro a esbravejar foi o ex-presidente FHC. Segundo ele, "...uma coisa é o governo, a coisa pública, outra coisa é a família. A confusão entre seu interesse de família ou seu interesse pessoal [referindo-se a Lula e Rosemary] com o interesse público leva à corrupção e é o cupim da democracia."
Evidente que a fala de FHC, malgrado o aspecto político, está carregada de ressentimentos, ademais, FHC não é a pessoa mais indicada para fazer comentários sobre essa questão dos políticos “misturarem” o público com privado. Vejamos alguns exemplos: quando Presidente, FHC nomeou o seu genro David Zylbersztajn como diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo e para o Conselho Administrativo do Banco do Brasil; garantiu um “empreguinho” para o seu filho Paulo Henrique no comissariado-geral responsável pelo pavilhão do Brasil na Expo 2000, na Alemanha, com um Projeto orçado em R$ 14 milhões, mas realizado por 18 milhões, com recursos públicos; contratou para montar o estande do evento, sem licitação, a empresa Artplan Prime dirigida por Fernanda e Ricardo Bornhausen, filha e sobrinho do então senador Jorge Bornhausen (PFL/DEM). Portanto, FHC perdeu a chance de ficar calado, pois seu comentário teve apenas um efeito bulmerangue, o resto é resto!
Mas nessa sórdida história, fica claro mesmo é franca oposição do baronato da mídia ao o ex-presidente Lula. Para atingi-lo a mídia é capaz de tudo, inclusive tentar golpeá-lo pelo lado pessoal. E foi exatamente o que ocorreu após o Ministério Público Federal (MPF) desmentir a existência de grampos com conversas entre Lula e Rosemary. A imprensa para não perder a matéria, partiu para o lado pessoal, e de forma covarde, suja e aético, passou a insinuar que Rosemary é amante de Lula, e para sustentar essa calúnia, construiu outra versão, como por exemplo, a do asqueroso jornalista da “Veja”, Augusto Nunes, que disse: ”..o conteúdo das conversas é tão explosivo e comprometedor, que o Palácio do Planalto agiu rapidamente para sumir com as gravações do inquérito, pois Lula precisa continuar como a versão tropical de Messias, uma espécie de derradeiro salvador da humanidade...”
Caso semelhante e comprovado ocorreu quando FHC manteve um relacionamento extraconjugal com a jornalista da Rede Globo, Miriam Dutra. Toda mídia tinha uma matéria de gaveta sobre o caso, porém, durante oito anos esse concubinato foi tratado como segredo de estado. Com Lula é diferente. Aqui, mesmo sem prova e sem qualquer piedade, Lula foi, covardemente, exposto a execração pública.
Aliás, comentando esse sórdido fato, o jornalista Leandro Fortes, da revista Carta Capital, escreveu:”...Já que a torcida pelo câncer[referindo-se a Lula] não vingou e a tentativa de incluí-lo no processo do “mensalão” está, por ora, restrita a umas poucas colunas diárias do golpismo nacional, o jeito foi apelar para a vida privada...Esse tipo de abordagem, hipócrita sob qualquer prisma, era o fruto que faltava ser parido desse ventre recheado de ódio e ressentimento transformado em doutrina pela fracassada oposição política e por jornalistas que, sob a justificativa da sobrevivência e do emprego, se prestam ao emporcalhamento do jornalismo”. Realmente é repugnante esse jornalismo esgoto praticado pela “mídia nativa”!
Odilon de Mattos Filho
Andrelândia/MG