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Opinião
06/06/2013 15h50

Liberdade e a ordem

Fátima Garcia expõe sobre os impulsos intensivos do homem.

por Fátima Garcia Passos,

mestre em Filosofia

 

Henry E. Allison em “Kant’s theory of freedom” coloca que  quando Emmanuel Kant enfatiza que o homem ao agir por impulsos sensíveis e interesseiros não é livre, mas escravo do próprio individualismo, agindo de forma irracional, portanto por “arbitrium brutum” não levando em conta o outro mas, só a si mesmo, age como criança ou um louco. De fato há três características que permeiam o agir de uma criança. A primeira é querer ser amada incondicionalmente, a segunda é querer ser satisfeita em todas as suas necessidades e a terceira é querer manipular o outro para ser satisfeita. E a pergunta que se faz é: Quantos de nós ainda assim agimos?

A família da Idade Moderna privilegiou a criança como uma majestade, Freud assim a definia, tudo estava voltado para ela, a mãe, a Escola, a medicina. A mulher que ao papel de mãe não se adequava era taxada como histérica. Eis porque surge nesta época no campo médico: a psiquiatria, a ginecologia, a obstetrícia e a pediatria. Surgem também pedagogos que disponibilizam novos métodos de ensino. A educação classificada pelos sociólogos como primária era dada em casa e a secundária na Escola. A criança  deveria ser preparada para liderar a sociedade burguesa e industrial da época.Todavia os tempos mudaram e na época pós-moderna, a mulher não mais se contenta com o papel de genitora e esposa. E a pergunta que se faz é: E as crianças?

Relegadas a berçários maternais, creches e Escolas dos mais variados tipos as crianças deixaram de ser a referencia principal. Empanturradas de presentes por conta do remorso de seus pais estas crianças burguesas tanto quanto as das classes menos privilegiadas estão sós e sem apoio, desenvolvendo por conta disto uma série de patologias tais como:  depressão, ansiedade, pânico e etc. Mas não há como voltar atrás, as mulheres precisam continuar sua escalada de crescimento profissional bem como ajudar seus maridos quando os têm, porque o consumismo é a lei capitalista que a todos impele, a fim de que se tornem pessoas. Esta é a loucura pós-moderna.

Para Kant o homem livre age tangido pelo “dever ser”, sob a égide da liberdade transcendental, que a tudo transcende por não guiar-se por estímulos empíricos  mas, por leis à priori contidas em nossa razão e que nos leva primeiro a cumprir com nossos deveres, custe o que custar e segundo agir como se o que fizéssemos pudesse servir um dia de lei universal. É o “arbitrium liberum” que vê o outro e a si mesmo como fim em si mesmo e não como meio para outro fim. Seremos capazes de algum dia assim agir? Assim fazendo seremos realmente livres, pois a liberdade é racional, transcendental e, portanto prática. Ela nos liga a algo que nos transcende e que está fora do tempo e do espaço, é o numenum de que falava Kant, que por ser universal tornam-se partículas de racionalidade em cada um de nós. Então e só assim nos libertaremos do caos que a todos acicatam e enlouquece, nos ateremos às leis universais em nós inscritas e atingiremos a ordem interna e externa que tanto almejamos.

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