No dia 05/03/2013, o mundo recebeu a triste notícia do falecimento do líder latino-americano, Hugo Chavez. O Presidente Venezuelano deixa a vida e entra para a história, e assim como Simón Bolívar será lembrado como um grande líder que lutou pela unidade do continente latino-americano e contra a exploração do seu povo.
É sabido, que as mudanças políticas mais substanciais que ocorreram nas últimas cinco décadas nos países da América Latina, começaram no final dos anos cinquenta com a Revolução Cubana. Contudo, após essa vitoriosa Revolução, o que vimos foi uma forte política implantada pelos EUA objetivando impedir que essa onda revolucionária inundasse os demais países da América Latina, para tanto, os ianques patrocinaram vários golpes de estado e ajudaram a implantar cruéis regimes militares nos países do nosso continente.
Mas malgrado todo esse esforço estadunidense, em meados dos anos noventa, começou uma nova Revolução patrocinada pelo próprio povo latino-americano, porém, dessa vez a arma escolhida foi o processo democrático. A primeira e importante mudança foi à eleição de Hugo Chávez em 1998. Essa vitória abriu as portas para que outras lideranças de esquerda começassem a vencer eleições no nosso continente, como por exemplo, a vitória de Lula no Brasil, Cristina Kirchner na Argentina, Rafael Correa no Equador, entre tantos outros.
As Políticas sociais e econômicas desenvolvidas por esses governos progressistas foram decisivas para o fortalecimento da democracia e para a melhoria da qualidade de vida dos povos latinos, em especial, para os pobres, colocando a América Latina, como bem assinala Altamiro Borges, “como protagonista de um movimento que se choca frontalmente com tudo o que a direita representa”, por isso, todo esse ódio da conservadora oligarquia latina contra essas lideranças.
Na Venezuela de Hugo Chávez, mesmo diante do bombardeio midiático, temos um grande exemplo das exitosas políticas sociais implantadas por esses governos de esquerda, e ao contrário do que é propagado pela grande mídia, é um exemplo também, de um País que exercita de forma plena a democracia.
Aliás, neste sentido, o jornalista Salim Lamrarini, escreveu: “Jamais, na história da América Latina, um líder político alcançou uma legitimidade democrática tão incontestável. Desde sua chegada ao poder em 1999, houve 16 eleições na Venezuela. Hugo Chávez ganhou 15, entre as quais a última, no dia 7 de outubro de 2012, lembrando, que todas as instâncias internacionais, desde a União Europeia até a Organização dos Estados Americanos, passando pela União de Nações Sul-Americanas e pelo Centro Carter, mostraram-se unânimes ao reconhecer a transparência dessas eleições”.
Mas não obstante esse importante dado, que assim como outros são sistematicamente ocultados ou distorcidos pela grande mídia, Chávez deixa um indiscutível legado, que passa pelo seu irredutível compromisso com as transformações sociais do seu país e à sua obstinada luta pela integração das nações latino-americanas.
A propósito, vale destacar parte do artigo do ex-presidente Lula, publicado no NY Times: “...se uma figura pública morre sem deixar ideais, seu legado e espírito chegam ao fim. Não foi o caso de Chávez, uma figura forte, dinâmica e inesquecível...A História vai afirmar, justificadamente, o papel que Hugo Chávez desempenhou na integração da América Latina e o significado de seus 14 anos na presidência para o povo pobre da Venezuela.”
Realmente, Hugo Chávez deixa um vigoroso legado, no entanto, mesmo diante do reconhecimento da maioria dos venezuelanos, não se pode menosprezar a possibilidade de um golpe de estado patrocinado pela oposição, com o apoio dos EUA. Por essa razão todo cuidado é pouco, e o Brasil e a Argentina precisam ter um papel de protagonistas contra qualquer tentativa de ruptura institucional na Venezuela.
Aliás, nesse mesmo sentido o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, disse à Carta Maior: “...Não tenho informação, mas imagino que haja uma grande preocupação por parte das presidentas para que não haja um golpe de Estado. Isso sempre pode ocorrer...Um golpe se articula discretamente. Estão corretas em se preocupar se têm informações... É importante que Brasil e Argentina estejam vigilantes”.
Frente a tudo isso, esperamos que os Venezuelanos saibam defender a sua soberania e as conquistas sociais e econômicas dos últimos anos inspirando-se na célebre frase do seu grande comandante Hugo Chávez: "Se eu me calar, gritarão as pedras dos povos da América Latina que estão dispostos a ser livres de todo o colonialismo depois de 500 anos de colonização".
Odilon de Mattos Filho
Andrelândia/MG