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Opinião
31/01/2013 17h45

No vagão com feijão, a paixão de Tião

Aires fala de Tião e a paixão pelas ferrovias.

Mariano, um bem sucedido fazendeiro, proprietário de extensa e produtiva área de terras à região fronteiriça com Minas Gerais entre as cidades Parapeuna (RJ) e Rio Preto (MG), amigo do meu pai Luiz de várias décadas; por haver sido bafejado pela sorte, teve um ramal férreo cortando suas terras com edificação de pequena estação, no intuito de atender não só aos fazendeiros circunvizinhos, como aquela população rural. Aproveitando junto à nova estação – com o nome dado de Parada Mariano pela ferrovia – ergueu dois armazéns visando o armazenamento de suas colheitas, onde vigias o guardavam; um no turno do dia e outro da noite.

Certa feita, o vigia da noite, Seu Tião, chegou mais cedo e liberou Seu Tonho, o do dia, bem antes do término do turno. Por volta das 18 horas, um cargueiro aporta na estação, onde tracionou um vagão carregado com sacas de feijão destinadas ao Distrito Federal. No dia seguinte, pela manhã, Tonho ao se apresentar a render Tião, constata sua ausência depois de procurá-lo por toda parte. Assustado pelo paradeiro do colega, foi à direção da sede da fazenda comunicar o ocorrido. Ciente da situação, Mariano com Tonho, foram aos armazéns. Após consultar o funcionário da estação e tomar conhecimento da partida do vagão com feijão à noite passada, aborrecido e um tanto apreensivo, afinal, o vigia sempre se mostrou responsável e zeloso no trabalho, retornou aos armazéns a esperar notícias. Por volta de meio-dia; eis a surpresa. A mulher de Tião, desesperada, se chega indagando pelo marido sumido desde ontem. Confuso, Mariano ao recebê-la pede que vá a polícia apresentar queixa, quando a mulher diz que já a fizera, pois desconfiara do desaparecimento dado a rixa existente com um vizinho ciumento, que por sua vez também havia dado queixa pelo desaparecimento da sua mulher há 24 horas.

Ao entardecer, Mariano recebe na fazenda policiais pelas queixas havidas, vez que existia forte ligação entre as ocorrências. Daí dar início às investigações ali na fazenda pelas queixas havidas, vez que havia uma animosidade entre o sumido e o marido da sumida. Após atender e prestar as informações que lhe couberam, Mariano indignado e aborrecido por estar envolvido na ocorrência, desejou sucesso aos tiras e que esclarecessem logo essa embrulhada que Tião aprontou.

No inicio da tarde, deixou o expresso das 14 horas Tião que, ressabiado vai à sede. Lá chegando, avexado e envergonhado narra ao patrão o que ocorreu numa versão um tanto contraditória.

Dado ao trabalho extra e efetuado, a fazer a capina na casa de farmacêutico, estressado resolveu descansar sobre os sacos de feijão no vagão e ferrou no sono, só dando conta de onde estava, após deixar pela madrugada o pátio de carga da central do Brasil, em São Diogo na capital; quanto a mulher dita desaparecida, nada sabia.

Soube-se, segundo o marido, que sua mulher foi socorrida no Hospital de Valença por crise hipoglicêmica e teve de passar a noite.

Para Mariano, foi coincidência demais e a pulga continuou atrás da orelha, "aceitando" a justificativa depois de repreendê-lo severamente. Mas perdoou o pobre Tião, fazendo-o retornar ao trabalho na condição de que evitasse complicações amorosas.

 

 

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