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Opinião
18/07/2013 10h27

O amargo remédio

José Luiz Ayres conta mais uma de suas histórias.

Certa feita curtia uma tarde no shopping em Vila Isabel no Rio de Janeiro e me chamou atenção uma exposição que ali acontecia. Ao aproximar-me, constatei tratar-se de cartazes publicitários inerentes a antigos produtos que já deixaram, na maioria, de existir. Claro que a curiosidade levou a participar do evento.

Depois de quase hora de muita curtição, entre lembranças a reviver momentos que trouxeram, principalmente, a infância ao ver, por exemplo; os cartazes dos intragáveis Óleo de Fígado de Bacalhau, Óleo de Rícino e outros de boas e inesquecíveis recordações, um senhor “bem vivido” abordou-me a perguntar se havia gostado e, dentre todos os informes, qual mais proporcionou satisfação ao ver.

Convidado a um cafezinho, apresentou-se como expositor e permanecemos a prosear. Segundo revelou, estas dezenas de cartazes e cartazetes foram conseguidos, sem querer, por não ter tido a coragem em jogá-los no lixo, os comparando a verdadeiras obras de arte e optou por preservá-los. Seu Milton como se identificou, então pôs-se a revelar a história do início do seu magnífico acervo, cujo valor alem de sentimental é inegociável, no que pesem às tentadoras ofertas.

Ao deixar o exército, em 1950, foi trabalhar em famosa empresa de plubicidade, a qual pela função a exercer, teve nos trens o apoio, a percorrer pela região sudeste, notadamente Rio de Janeiro e Minas Gerais, as cidades interioranas servidas por ferrovias em cujas estações, eram afixados cartazes de propagandas. A cada período contratual, de acordo com a empresa, esses informes eram substituídos e colocadas novas publicidades. Óbvio que os removidos passou a guardá-los e, assim, conseguiu centenas a compor seu acervo, do qual apenas parte estava ali exposto. Estes reclames, não advêem só das estações, mas também dos cartazetes afixados nos interiores dos bondes e vagões de trem de várias ferrovias. Tanto que se reportou a um episódio, onde tornou-se vítima de uma passageira enfurecida, por atribuí-lo dono do produto anunciado – Rhun Creosotado – cujo anúncio, em trova, apresentava-se em mensagem publicitária a atrair a quem lesse, dado ao apelo sutil, quase subliminar pelo lirismo contido no teor poético da mensagem.

Ao colocar o cartazete no vagão de trem, essa senhora ergueu-se da poltrona e, com a sombrinha (guarda-chuva), pôs-se a agredi-lo, esbravejando que fora ele o “culpado” do Tonho, seu marido, abandoná-la, só porque negou-se a beber essa porcaria a fim de sarar da bronquite, que para Tonho, atrapalhava sempre que tinham seus amassos de amor.

De fato, a pobre e humilde mulher tinha suas razões, embora não fosse o fabricante. Afinal o “remédio” expressava-se como curativo em uma poética mensagem: “ Veja ilustre mensageiro, o belo tipo faceiro que tem ao seu lado. No entanto acredite, quase morreu de bronquite, salvo por tomar Rhun Creosotado”

Sob risos, despedimo-nos, quando ele ofereceu o folder (o informativo) apresentando o roteiro das exposições na temporada de 2009, onde sugestivo “lay-out” ilustrava com o fato de uma estação férrea, onde à parede via-se o cartaz do famoso sabonete Eucalol!

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