07:33hs
Terça Feira, 16 de Julho de 2024

Leia nossas últimas edições

Leia agora o Correio do Papagaio - Edição 1865
Opinião
11/01/2011 10h18

O cultivo da paz

O cultivo da paz

por Fátima Garcia Passos, especialista em Ciência da Religião e Mestre em Filosofia.

Toda evolução do homem está no trato com os demais. De nada adianta tratarmos polidamente àquele que só esporadicamente encontramos e que desconhece nossas mazelas e do qual desconhecemos os limites. Aquele que conosco convive é que é o nosso próximo, que não por acaso foi levado a estar conosco quer na familia, no trabalho ou no trato social. Ele é a real prova de que estamos empreendendo corretamente a luta interior. Esta luta consiste em vencermos a nós mesmos e os sete pecados capitais encrustados há milênios no nosso quaternário inferior, neste onde se encontra nosso corpo físico, energético, emocional e mental concreto. Esta luta é diária e aquele que não a empreende belicosamente agride o tempo todo aqueles que lhe circundam, com a ironia, o orgulho, a ira, a impureza, a gula, a preguiça, etc.

Não só a tradição moral do ocidente, mas do oriente, falam desta luta interna que consiste no domínio sobre as incilnações inferiores que amordaçam-nos o ser; vitória conseguida apenas através de uma reflexão contínua sobre os estímulos atávicos que desde a pré-história acicatam-nos a vida. O que é mais constante em cada um de nós? O orgulho? A avareza? A ironia? A inveja? O que a qualquer momento pode nos tirar do suposto equilíbrio que tentamos manter?

Toda criatura vive na realidade que lhe é caracteristica, em sua luta, sua dificuldade e sua prova. Todavia há lutas maiores que as nossas e precisamos aprender a olhar para os lados. O outro, embora não notemos, faz parte de nosso eco-sistema e não apenas da paisagem. Como a terra que circunda as raizes da árvore dando-lhe os nutrientes necessários a vida, o outro de alguma forma nos alimenta, dá sentido às nossas vidas. Dele prescindimos para o nosso crescimento, nossa auto-superação.

Enquanto sensuramos vedamos o entendimento e enquanto exigimos esquecemos de auxiliar. No que quer que façamos em casa, no trabalho ou na vida pública, aprendamos a olhar, a olhar com sentimento porque, ao ultrapassarmos a linha da censura, acessamos a outros níveis de consciência, adentramos no campo da paciência, onde se encontra a ciência da paz.

Fácil? Não. Nossa maior prova é o outro.

Todavia, como Cícero, o estoico já o dizia: "Ninguem é perfeito, nem nós mesmos". Ou seja, ao lembrarmo-nos de nossos limites, ao contermos nossas críticas mentais, ao tentarmos entender, suavisamos nossas vidas e a dos demais. A vida é feita de escolhas e a toda hora escolhemos este ou aquele caminho. Optemos pela paz sempre, pois nela se encontra o nosso lenitivo que repercutirá no próximo e, através deste, para os demais. Ao fazê-lo possibilitamos a descida da tríade, da voz de Deus que se encontra em cada um de nós e que pode nos alentar desde que lhe recorramos diuturnamente através de preces ou meditações.

Ao recorrermos a Deus, ao Deus interno que é imanente a todos nós, sempre recebemos ajuda para vencermos a luta interna não transportando-a para fora de nós. Assim fazendo, cultivamos a paz, esta de que tanto carecemos em todos os campos da vida e em todos os momentos de nosso viver.

PUBLICIDADES
SIGA-NOS
CONTATO
Telefone: (35) 99965-4038
E-mail: comercial@correiodopapagaio.com.br