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Opinião
09/01/2014 16h45

O descaso com o patrimônio

José Luiz Ayres

Por José Luiz Ayres


Uma coisa estranha que há anos venho observando quando das minhas viagens turísticas, é a falta de sensibilidade das nossas autoridades  pelo descaso com nossas relíquias patrimoniais em relação ao histórico das cidades, relegando ao total abandono, “ao Deus dará”, as belas obras de artes , cujo passado foram referenciais de grande importância á vida de sua gente. Especificamente, me reporto as edificações ferroviárias, à maioria quase seculares, a tornar-las, de acordo com a densidade  demográfica, mais ou menos importantes a sobreporem uma as outras. A cada ferrovia, cabia a sua necessidade de investimento a fazer-se mais grandiosas e imponentes a servir como base ao transporte, notadamente  sofisticando as estações com torres e majestosos relógios, no intuito  de atrair o usuário pelo deslumbre visual, passando confiança e credibilidade e no escoamento das produções agrícolas e na carga de um modo geral.

Geralmente estas  edificações, eram construídas em estilo neo-clássico inglês, inclusive com os materiais importados da Inglaterra como: ferragens, madeirame, telhas e até mão-de-obra. De fato constituam-se de magníficas e significativas edificações que ainda hoje, poucas possam ser vistas, mesmo descaracterizadas, servindo a comércios ou mesmo espaços diversos como maneira das prefeituras “arrancarem” recursos.

Infelizmente, nas minhas andanças, de 85  cidades visitadas em cujo passado teve o trem  a serviço, somente 18 ainda de alguma forma, resistem ao tempo e as têem como um marco histórico; tanto servindo ocupadas nas sala de informação informações ao turismo, bibliotecas públicas, descaracterizadas à  rodoviárias, de cargas pesadas como: minérios, cimento e outras que se adequaram as bitolas largas  no aproveitamento do leito da ex-via. Quando as demais , 67, sucumbiram ou estão sobre total  ruínas a mostrar o quanto o descaso público foi e é cruel com a história, desconsiderando  uma época , não tão remota assim, do nosso passado brasileiro, não preservando este espaço histórico da era das ferrovias. Porque não se aproveitou tais patrimônios, dando uma nova vida e utilização como; escolas, postos de saúde, espaços culturais e outras tantas utilidades? Falta de recursos das prefeituras?

Soube pelos próprios municípios de algumas cidades, que muitas dessas estações foram “vendidas” por prefeitos  a supermercados, empresas transportadoras, entre outros, por arrecadamento com longos contratos em explorá-los. Só que com o tempo, cai no esquecimento da população e aos poucos  aonde era o patrimônio, se transforma em pátio de estacionamento de caminhões, depósitos de mercadorias e aquela bela histórica edificação desaparece como fumaça que toldou o céu expelida  pelas chaminés das saudosas Marias- Fumaça.

Felizmente  graças a ABPF ( Associação Brasileira de Preservação ferroviária ) as nossas estações de São Lourenço e Soledade de Minas ainda resistem e traz ao São-Lourenciano e aos turistas que aqui vêm nos visitar, um pouco da história, e, a muitos, não em momento nostálgico, mas sim um encontro com um passado de lirismo, revivendo instantes de pura poesia, ao ver a estação preservada, em cuja plataforma uma Maria-Fumaça acolhe nos seus vagões de portas abertas a saudá-los  ecoando pelo ar seu doce apito!

 

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