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Opinião
22/08/2013 10h39

O genérico de Arsené Lupin

José Luiz Ayres

Retornando à admirável e aconchegante cidade de Eng. Paulo de Frontin, região encravada às serras fluminenses, em cujo hotel fazenda famoso pela bela localização, nos oferece primoroso passadio, lazer e exuberante panorama, um casal de “bem vividos” que ali chegara pela vez primeira que, encantado ficou diante da natureza, resolve recorrer a nós em orientá-los e passamos a conviver diariamente nas caminhadas e no lazer.

Em conversa apresentando-me como romântico e nostálgico pesquisador de histórias inerentes aos trens Marias-Fumaça, vez que possuo espaços a cronicá-las em alguns periódicos sobre o título; Na Fumaça do Trem, surpreso com esta apresentação, disse que havia encontrado a pessoa certa, pois teve por anos a convivência dos trens levado pela sua vida profissional, cujo trabalho ligava-se as ferrovias no fornecimento do carvão mineral ou hulha, às locomotivas.

A narrar ene episódios recordou-se de um acontecido - aproveitando o gancho do nosso joguinho noturno de tranca - quando regressava do sul de Minas no expresso, que em Caxambu demorou muito a seguir viagem. O motivo se deveu por intransigência do chefe do trem em negar o transporte de um indivíduo que fora preso, após ter agentes federais ao seu encalço e acabaram prendendo-o no hotel cassino de Caxambu. Esse desregrado de origem árabe, de nome Hassan, já vinha há tempos sendo “campaneado” pela polícia federal, dada a sua ficha na suspeita de atos e ações criminosas praticadas em cassinos nas mesas de dados, levantando considerável soma de dinheiro onde passava. Sua habilidade fraudulenta no manejo dos dados o tornava verdadeiro mágico pela desenvoltura ardilosa no jogo. Foram anos de esperteza, para enfim ser preso. Nos seus pertences apreendidos, foram encontrados dezenas de dados “preparados” prontos a entrarem em jogo, com a troca na hora certa ao ganho do velhaco jogador. Lá estavam também baralhos marcados às mesas de “poker”, sem contar com muitos brilhantes, que segundo denúncias de vários lesados, eram surrupiados pela piteira que usava ao separar as pedras grudando-as à saliva a acoitá-las ao ser levadas à boca, sem que fosse percebido no gesto simples e comum de um fumante.

Finalmente depois de contornado o entrave, ficou acertado com a concordância do chefe do trem, o chefe do carro-correio e dos agentes federais, que o árabe seguiria no vagão postal, obviamente algemado e escoltado ao Rio de Janeiro evitando o constrangimento junto aos passageiros e claro o receio por qualquer ação perigosa a ser tomada pelos policiais numa pretensa tentativa de fuga. Mesmo assim, no trem comentários pipocavam e fantasiosas narrativas eram ouvidas, inclusive gracejos a fazer alusão ao escritor romancista francês (Maurice Leblanc) no seu famoso e lendário personagem, Arsené Lupin, eternizado corno o ladrão de casaca, nos seus romances policiais até hoje cultuados por milhões de leitores no mundo inteiro com dezenas de edições publicadas.

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