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Opinião
19/09/2013 14h27

O Lince foi enjaulado!

José Luiz Ayres conta mais uma de suas extraordinárias histórias.

por José Luiz Ayres


Depois da saudável caminhada no Parque das Águas, como habitualmente procedo, ao chegar a fonte Oriente, onde procuro repor parte do líquido expelido no exercício, um senhor  como eu também, se chegou e, virando-se a mim, passa proferir palavras elogiosas ao aprazível e delicioso logradouro. Já parcialmente refeitos, mantivemos a conversar, quando de súbito ecoou pelo ar os apitos da Maria Fumaça, do famoso Trem das águas, que aquele instante, pelo horário, dava início ao passeio turístico.

Mostrando-se surpreso até, reportou-se ao passado em boas lembranças, onde o trem ajudou a conduzi-lo no seu trabalho como representante comercial de uma multinacional de fertilizantes e defensivos agrícolas e, cuja base de ação era em Muriaé na década de 50. Desfilando uma série de recordações, relembrou que na estação férrea havia um cidadão possuidor de uma charrete e que à plataforma posicionado às chegadas dos trens, tinha a finalidade em abordar os desembarcados ( homens); segundo apregoava ter olhos de Lince pela vivência e reconhecer um interessado, convidando-os a desfrutar de belo e inesquecível pernoite no “Convento”, onde bonitas e fogosas “freiras” lhes proporcionariam muitos prazeres.

Essa prática o fez tornar-se bem conhecido e procurado por, principalmente, pela classe dos viajantes comerciais, que costumavam indicá-lo aos colegas.

Certa feita, Batista como se chamava, estava no seu negócio, quando um homem ao deixar o trem, parado a portar suas malas corre o olhar as pessoas ali presentes como procurasse alguém. Batista com seus tais olhos de Lince, que já o havia observado o acenou. Sorrindo, o cidadão correspondeu meneando a cabeça, indo à sua direção e chegando-se, disse que um amigo o indicara a conduzi-lo.

Batista então, levando as malas o pôs à charrete e partiram ao “convento”. Seguindo pela cidade sem que o viajante dissesse uma palavra, resolveu puxar conversa enaltecendo os prazeres que desfrutaria no pernoite.  Nisso o homem retrucou a dizer que não era apenas uma noite, mas sim uma semana talvez. Espantando-se, Batista abrindo enorme sorriso, retrucou dizendo que as “freiras” ficariam satisfeitas em servi-lo e seria uma honra levar tão potente cidadão.

Não tardou, ao passar em frente a Matriz, o homem solicitou que parasse. Retirando o chapéu, ergueu-se curvando levemente, a benzer-se contrito a sussurrar algo inaudível. Pedindo que prosseguisse, lá foram rua a afora com  Batista um tanto aturdido e confuso pela atitude do fervoroso viajante.

Inconformado e ressabiado, resolveu, retomando a conversa a indagar se era um caixeiro viajante, qual firma representava e quem o indicou em procurá-lo. O cidadão um tanto irônico respondeu: - Não sou um caixeiro viajante e nem represento firma alguma. Estou aqui em missão policial, a fim de proceder as investigações pela Polícia Federal, o qual sou agente, pela solicitação oficializada da Arquidiocese dada ao sacrilégio e a blasfêmia que vem ocorrendo em nome da igreja. Agora leve-me ao tal “convento” onde, como disse, terei “prazeres” ao pernoitar.

Pelo que se soube, Batista, os responsáveis pelo prostíbulo e as “freiras” foram trancafiados à cadeia local e posteriormente conduzidos à Capital Federal, onde responderiam certamente pela exploração do meretrício.

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